As ocupações estudantis pró-Palestina iniciadas em abril no Estados Unidos (USA) continuam a se desenvolver com todo o vapor, e agora se espalham para a Europa: no dia 26 de abril, estudantes franceses ocuparam o centro educacional Science po Paris em protesto contra a agressão sionista na Faixa de Gaza. Eles também denunciam a repressão policial contra os estudantes do USA, ao tempo em que o número de presos no país ultrapassa 250.
A entrada da Faculdade de Ciência Política da Science Po Paris foi bloqueada com materiais de construção e lixeiras. O Comitê Palestina formado na universidade exige uma “condenação explícita das ações de Israel em Gaza” e o fim de todas as colaborações com instituições cúmplices do genocídio do povo Palestina.
Os estudantes também denunciaram que as “vozes pró-palestina no campus” estão sendo reprimidas e censuradas sob o falso discurso de que as mobilizações pró-Palestina são antissemitas.
Vídeos e fotos da manifestação no Science Po Paris mostram os estudantes com rostos cobertos e trajados com lenços palestinos. Cartazes com as fotos da repressão à luta estudantil no USA sobre palavras como “Vergonha” também foram registrados.
Repressão no USA
O novo impulso da luta estudantil pró-Palestina na França ocorre ao mesmo tempo em que a repressão no USA já lançou mais de 250 alunos e estudantes solidários ao povo palestino atrás das grades, na tentativa de deter até agora irrefreável alta de ocupações estudantis e protestos em campi.
Nos últimos dias, a repressão policial atingiu diferentes faculdades de cidades como Atlanta, Nova Iorque e Boston.
Em Atlanta, ao menos dois professores da Universidade de Emory foram detidos durante as manifestações. Uma delas foi a professora de Economia Caroline Folin, imobilizada, agredida e presa por dois policiais. Já na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, a polícia voltou a invadir o campus para agredir os estudantes. Na Emerson College, em Boston, a invasão policial foi enfrentada pelos estudantes, e o confronto acabou com 100 alunos presos e quatro policiais feridos.
O momento em que a professora Caroline Fohlin (roupa branca) é agredida e presa pela polícia em manifestação pró-Palestina na Emory University, Estados Unidos.
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) April 26, 2024
No boletim de ocorrência da prisão, ela foi acusada de "agredir os policiais". pic.twitter.com/gHadCGwmKe
As ocupações estudantis pró-Palestina são uma expressão do crescimento da centralidade da causa Palestina no mundo após a Operação Dilúvio de Al-Aqsa e os 200 dias da guerra de libertação nacional contra o povo palestino.
Nas manifestações, os estudantes exigem o fim da agressão à Gaza, mas recorrentemente vão além dessa reivindicação e pautam também o fim do Estado de Israel e o apoio ativo à luta armada da Resistência Nacional Palestina.
Localmente, os estudantes de algumas universidades como Columbia, que tem parcerias com instituições de Israel, também demandam o rompimento dos laços acadêmicos e de financiamento. Após a onda de repressão, os estudantes da passaram a exigir também o rompimento de laços com o Departamento de Polícia de Nova Iorque.
Atualmente, a lista das universidades ocupadas ou que foram palco de manifestações já chega a 40. Algumas delas são:
- Universidade do Texas, em Austin
- Emerson College, em Boston
- Universidade do Sul da Califórnia e Universidade da California, em Los Angeles
- Universidade de Emory, em Atlanta
- Universidade City, na Filadélfia
- Universidade de Columbus e Universidade do Estado de Ohio, em Ohio
- Universidade Northwestern, em Illinois
- Universidade Cornell, Universidade Municipal de Nova Iorque e Universidade de Columbia, em Nova Iorque
- Universidade George Washington, em Washington
- Universidade de Princeton, em Nova Jérsei
- Universidade de Harvard, em Cambridge
Tradição da luta estudantil
O movimento estudantil norte-americano historicamente se mobilizou contra guerras de agressão e regimes coloniais ou racistas. A Universidade de Columbia foi um importante epicentro de mobilizações contra o apartheid sul-africano, na década de 1980, e na época conquistaram o desinvestimento do regime.
Dez anos antes, a guerra do Vietnã também foi amplamente rechaçada nos campi norte-americano. Na época, a resposta do Estado ianque também foi a repressão, em casos emblemáticos como na Universidade Estadual de Kent, em Ohio, onde a invasão da Guarda Nacional, enfrentada pelos estudantes, deixou quatro alunos mortos. Na época, as manifestações seguiram, levando adiante o legado dos caídos.