Manifestantes queimam uma efígie representando o presidente francês Emmanuel Macron durante uma manifestação em Calcutá, Índia, em 4 de novembro. Foto: Reuters
Desmascarando-se como os reacionários de sempre, o imperialismo francês, representado pelo presidente Emmanuel Macron e seu primeiro-ministro Jean Castex mostraram mais uma vez suas posições chauvinistas contra as massas oprimidas de imigrantes muçulmanos no seu país. Tal ofensiva despertou protestos multitudinários em várias nações oprimidas em todo o mundo, sobretudo muçulmanas.
Diante das ações de guerras cegas e desesperadas, promovidas pelos setores mais empobrecidos do proletariado residente na França (os imigrantes, grande parte proveniente de nações da Ásia Central), o primeiro-ministro francês, Jean Castex, chamou o “Islã radical” de “inimigo” do país europeu, inclusive fechando mesquitas no país. Ele acrescentou ainda que o “islamismo radical” se beneficiou “do apoio do exterior, mas, infelizmente, também conta com cidadãos franceses em suas fileiras”.
Tal posição já fora expressada pelo antigo primeiro-ministro francês, em 2015, após o ataque à revista “satírica” Charlie Hebdo, na Assembleia Nacional: “A França está em guerra contra o terrorismo, o jihadismo e o islamismo radical”, e que o primeiro a se fazer neste sentido é “reforçar a jurisdição antiterrorista”.
O último caso que foi usado como gatilho pelos reacionários imperialistas foi de um jovem que tirou a vida de um professor que havia mostrado caricaturas de Maomé em sala de aula, pisoteando sobre a consciência religiosa dos imigrantes muçulmanos. Embora o gatilho para tais ações de guerra e de revolta individuais sejam geralmente questões religiosas, a base que propulsiona tais episódios é o grau de humilhação nacional, de exploração potencializada da força de trabalho em jornadas longas e mal remuneradas – ou o desemprego – e restrição máxima de direitos, na pena da lei e na vida diária, sob o controle máximo dos aparatos de repressão franceses.
PROTESTOS EM TODO O MUNDO
Em resposta à mais nova ofensiva chauvinista do imperialismo francês, em Jerusalém, o terceiro lugar mais sagrado do Islã, no dia 30 de outubro, a juventude palestina enfrentou a polícia sionista de Israel durante um protesto. A polícia israelense disse que dispersou a manifestação e deteve três pessoas. O grupo militante Hamas, que protagoniza a luta de Resistência Nacional contra a ocupação colonial sionista, também organizou comícios nos territórios da Faixa de Gaza, respondendo ao Macron e à caricatura insultuosa. O oficial do Hamas, Fathi Hammad, prometeu “se unir para enfrentar esta ofensiva criminosa que prejudica a fé de cerca de 2 bilhões de muçulmanos”.
No mesmo dia, em Beirute, capital do Líbano, manifestantes marcharam ao Palais des Pins atirando pedras contra a polícia após serem reprimidos. As manifestações também rechaçaram a implementação do plano francês imperialista de “reforma” econômica.
Em Islamabad (capital do Paquistão), cerca de 2 mil pessoas que tentaram marchar em direção à Embaixada da França foram brutalmente reprimidas pela polícia, que disparou gás lacrimogêneo e espancou os manifestantes com bastões. Vários manifestantes foram feridos em confrontos com a repressão. Já na capital do Afeganistão, Cabul, e várias outras províncias do país, houve marchas e comícios nos quais participaram milhares de manifestantes.
Em Calcutá, Índia, milhares também foram às ruas. Em Jacarta, Indonésia, mais de 2 mil manifestantes vestindo vestes islâmicas brancas se reuniram em frente à Embaixada francesa para expressar sua revolta, no dia 2/11
Já no dia 04/11, manifestantes em Bangladesh, Índia e Paquistão haviam também queimado fotos do presidente francês em protestos. Em Bangladesh, pelo menos 50 mil pessoas participaram da maior manifestação até então. Os manifestantes entoavam Sem difamação do profeta Maomé! e queimaram uma efígie do líder do imperialismo francês.
No dia 07/11, dezenas de milhares de manifestantes na cidade mais populosa do Paquistão, Karachi, queimaram cartazes do presidente francês Emmanuel Macron e exigiram que o embaixador francês fosse expulso do país e que fossem cortados os “laços diplomáticos”.
Manifestante joga uma pedra em direção à polícia de choque durante um protesto em Beirute, Líbano, em 30 de outubro de 2020. Foto: AP Photo/Bilal Hussein.
O que realmente está por trás dos ataques
Estes episódios são resultados da existência e da atuação nefasta do imperialismo em todo o mundo. As massas das nações do Terceiro Mundo, principalmente do Oriente Médio e Norte da África (onde se concentram as duas mais agudas contradições fundamentais da nossa época: entre os imperialistas e imperialistas versus nações oprimidas), sofrem com a mão pesada da agressão imperialista. Em seus países de origem são subjugadas através da semicolonialidade e semifeudalidade indo até a invasão, genocídio e saqueio. E nos próprios países imperialistas, essas massas, na condição de imigrantes e refugiadas, acabam sendo submetidas à superexploração, colocadas nos setores mais profundos do proletariado europeu, e são ainda vítimas do mais exacerbado racismo e chauvinismo fomentados pela burguesia dos países imperialistas para dividir o proletariado.
Na massa funda e profunda do povo da França, sobretudo a que vive nesses bairros, está em ascenso um “estado de ânimo” que se manifesta no profundo ódio contra o Estado imperialista francês e todo o sistema que ele representa e defende. Uma crescente indignação contra o genocídio imperialista e dos sionistas contra os povos oprimidos, especialmente o povo palestino, assim como contra a propaganda da guerra que diariamente propalam os diferentes meios de comunicação de massa, alguns com conteúdo humilhante contra eles, como as “caricaturas de Maomé”.
Tal situação histórica da opressão, em ambas as condições, produz reações de resistência, embora cegas ou inconsequentes por serem ainda dirigidas por ideologias alheias a do proletariado – como vem ocorrendo, tendo como exemplo os fatos aqui noticiados.
Tais ações cegas e desesperadas empreendidas pelos setores mais pobres e oprimidos do proletariado europeu (quase sempre imigrantes ou descendente de imigrantes) são consequência da ideologia que, no momento, guia parte desses setores. Para solucionar a questão, necessita que o proletariado desses países dirija essas massas através de suas vanguardas, Partidos Comunistas maoístas, canalizando seu ódio de classe e sua energia à Revolução.
Notas:
[1]https://anovademocracia.com.br/no-145/5755-europa-agora-tem-guerra-ao-terror-para-chamar-de-sua
[2]https://anovademocracia.com.br/no-174/6559-franca-e-alemanha-ataques-sao-consequencia-da-guerra-imperialista
[3]https://anovademocracia.com.br/no-145/5754-a-guerra-imperialista-regressa-a-sua-casa