Operação da PF contra família Bolsonaro apreende computador da Abin

Computador da Abin é encontrado com Carlos Bolsonaro, que era coordenador da “Abin Paralela”, o que coloca mais evidência na conivência dos generais com a espionagem contra opositores políticos. Foto: Reprodução

Operação da PF contra família Bolsonaro apreende computador da Abin

Um computador registrado na Agência Brasileira de Informação (Abin) foi apreendido na operação realizada pela Polícia Federal que cumpriu oito mandados de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro. A operação foi realizada contra o chamado “núcleo político” da “Abin Paralela” durante o governo Bolsonaro, uma organização criminosa dedicada a espionar opositores políticos a partir de programas israelenses.

Durante o governo Bolsonaro, através da Polícia Federal (que tinha à frente Alexandre Ramagem) e do GSI de Augusto Heleno, a extrema-direita utilizou de maneira clandestina aplicativos espiões israelenses que são utilizados amplamente pelas Forças Armadas e em alguns casos nas investigações da Abin. A recente operação indica a possibilidade de que a própria família Bolsonaro siga com acessos aos relatórios da Abin ainda hoje.

Contra opositores e a favor da própria família

Foram cumpridos os mandados de busca e apreensão em nove alvos: cinco no Rio, um em Brasília, um em Formosa (GO), um em Salvador e um em Angra dos Reis. Em Angra dos Reis, toda a família Bolsonaro não estava em casa na hora da operação (5 da manhã). Não tardou para analistas políticos levantarem a suspeita de que houve vazamento de informação da operação da PF e que a ausência na casa no horário da operação era, na realidade, porque estavam se livrando de provas (como celulares, HD’s e computadores com informações sensíveis).

Segundo a PF, Carlos Bolsonaro coordenava o “núcleo político” desta organização voltada para a espionagem junto com um ex-agente do GSI (Giancarlo Gomes Rodrigues), uma assessora parlamentar de Carlos Bolsonaro (Luciana Paula Garcia da Silva Almeida), e uma auxiliar do ex-diretor da PF Ramagem (Priscila Pereira e Silva).

Era Carlos Bolsonaro quem recebia relatórios da Abin produzidos de maneira ilegal. Isto ocorria a partir da utilização de “técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público”. Ou seja, cometiam os seguintes crimes: de invasão de dispositivo informático alheio, de organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Porém, não está claro para a PF quem mais, além de Carlos, recebia essas informações. A partir da operação de hoje, novas informações podem surgir neste sentido. Porém, a pergunta mais importante é: o que um computador da Abin (órgão do governo que possui acesso à programas de espionagem) fazia na casa de Carlos Bolsonaro? As Forças Armadas (responsável pela espionagem) e o próprio Governo (responsável pela Abin) devem esta resposta à Nação.

Quem é o responsável pela espionagem?

Ainda não foi divulgada a lista completa de nomes que sofreram espionagem. Até agora, as informações divulgadas dão conta de que, para além da espionagem do aplicativo de origem sionista First Mile, também foram realizadas campanas e seguimentos segundo os objetivos e desejos desta “Abin Paralela”. Na mesma época de vigência desta organização criminosa coordenada pela família Bolsonaro, o jornal A Nova Democracia denunciou uma série de campanas realizadas contra seus trabalhadores.

A investigação coloca uma evidência na possibilidade de que a espionagem promovida pela extrema-direita siga vigente mesmo sob o governo petista de Luiz Inácio. Afinal de contas, se a família Bolsonaro e a extrema-direita – que, sabidamente, estruturaram uma ampla rede de espionagem – têm à sua disposição computadores da Abin, o que garante que esta estrutura não exista, ainda que sob novas formas?

O caso também implica diretamente os militares. Foram eles os responsáveis pelo lobby para a compra de uma série de programas de espionagem. O filho do general Santos Cruz é um representante da empresa Verint Systems Inc (tendo sido alvo de operações da PF mais recentemente). Além dele, Braga Netto – o mesmo que insuflou o 8 de janeiro de 2023 –, enquanto esteve à frente da intervenção federal no Rio de Janeiro, repassou R$ 40 milhões para o grupo sionista detentor do software espião. Questionado pela Folha de SP se os propósitos eram os de espionagem, o Exército se recusou a responder, citando explicitamente que não é obrigado a responder nos casos que a revelação “possa prejudicar ou causar riscos ou operações estratégicos da Forças Armadas” ou que “comprometa atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em andamento”.

A verdade é que são as Forças Armadas quem coordenam toda a espionagem, incluindo os meios e programas para tal. É a hora de exigir respostas sobre esta utilização dos programas espiões sionistas – tal exigência dificilmente virá do governo de Luiz Inácio, que se recusa a romper as dezenas de contratos ainda vigentes com as empresas israelenses e conciliando com os generais.

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