No dia 29 de março, o Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia atingiu 18 militares durante uma operação guerrilheira na zona rural do município de El Carmen, nordeste do país. Nove dos militares ficaram mortos e nove ficaram feridos. A ação ocorre dentro do cenário de repressão brutal aos camponeses e lideranças populares no país e em meio ao farsesco “Acordo de Paz” proposto por Gustavo Petro.
A operação guerrilheira ocorreu por volta das 3h da manhã, quando os combatentes do ELN dispararam bombas cilíndricas (tipo específico de artefato explosivo usado pelo ELN, conhecido como tatuco) e tiros de fuzil contra o pelotão do exército reacionário. Sete dos mortos pelas forças guerrilheiras eram soldados, enquanto os outros dois eram suboficiais.
Guerrilhas rejeitam o desarme
O ataque representou também um revés aos planos oportunistas de Petro de desarticulação dos grupos guerrilheiros que atuam na Colômbia, visto que ocorrem mesmo após os farsescos “acordos de paz” (assinados entre o velho Estado colombiano e lideranças capituladoras dos grupos armados nos últimos anos).
Em outubro de 2022, Petro anunciou que voltaria a estabelecer as negociações de paz com o ELN. Desde então, tem visto seus planos serem constantemente frustrados pelas ações e pronunciamentos da guerrilha.
Em janeiro de 2023, o ELN negou o “acordo bilateral de cessar-fogo” anunciado por Gustavo Petro na véspera do ano novo. Agora, apesar da participação de lideranças do grupo no chamado “segundo ciclo” das conversas de paz, encerrado no dia 10/03 no México, combatentes do ELN voltam a realizar ações armadas contra o exército colombiano na maior operação guerrilheira na Colômbia desde o início do governo Petro.
Não é a primeira vez que o ELN realiza uma grande operação guerrilheira durante conversas de paz com o velho Estado colombiano. Em 2019, quando o então presidente Álvaro Uribe tentava conduzir o desarmamento dos guerrilheiros por meio dos acordos, combatentes do ELN mataram 21 militares reacionários em um ataque contra um prédio militar (escola de cadetes) da Polícia Nacional em Bogotá.
Estimativas dão conta de que o ELN conta, atualmente, com mais de 5 mil combatentes em suas fileiras. Sendo a maior força guerrilheira da Colômbia atualmente, o ELN atua de maneira constante em pelo menos 136 municípios. Entre os anos de 2018 e 2020, a organização realizou operações em 57 novos municípios.
Além de ver seu plano de desarmamento dos guerrilheiros frustrado pelo ELN, a demagogia de Petro também é fustigada pelos grupos dissidentes dos “acordos de paz” de 2016 com as Farc. Em setembro de 2022, combatentes desses grupos deixaram sete policiais mortos em uma operação realizada no departamento de Huila.
‘Acordos de Paz’ são preparação para massacres
Longe de ver o seu plano de “paz total” aceito unanimemente pelas massas populares que conformam os grupos guerrilheiros, Petro se vê frustrado pela resistência dos camponeses armados frente à exploração do latifúndio e opressão da pistolagem e Forças Armadas reacionárias. Incapaz de frear a resistência das massas com as farsescas negociações de paz, Petro prossegue com a política de massacres de lideranças comunitárias, dissidentes das Farc e signatários dos acordos de paz em toda a Colômbia. Isto revela o real conteúdo dos "acordos de paz" que, ao contrário de conceder direitos às massas populares, busca, através do desarme das guerrilhas, aumentar o massacre com operações genocidas contra massas em geral (tanto os que participaram dos acordos e entregaram armas, como lideranças das massas populares).
Desde que assumiu, Petro promoveu sucessivos despejos e assassinatos de camponeses no país, tanto pelo uso do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) quanto por meio das forças armadas reacionárias do país. Em fevereiro de 2022, 23 guerrilheiros dissidentes das Farc foram assassinados por tropas do exército reacionário no estado de Arauca. Um mês depois, 11 camponeses foram executados por tropas do exército reacionário colombiano na aldeia de Putumayo. Meses depois, Petro promoveu uma sucessão de despejos e ações repressivas nos departamentos de Cauca, Curumarri, Dagua e Caguán.
Dessa forma, enquanto Petro afirma demagogicamente que “um processo de paz deve ser sério e responsável”, perpetra o genocídio sistemático do campesinato pobre, sobretudo de lideranças comunitárias e camponeses que ingressaram nas fileiras das diversas forças guerrilheiras do país. Nesse processo, aqueles que capitularam da luta armada não são poupados: nos três primeiros meses de 2023, quatro signatários dos acordos de paz de 2016 foram assassinados. A cifra do ano de 2023 conta também com o assassinato de 31 lideranças comunitárias do campo e da cidade na Colômbia.