Operações genocidas nas favelas fazem crescer até 70% de chances de depressão, hipertensão e insônia

Uma pesquisa inédita sobre saúde nas favelas revelou que condições como insônia, depressão e hipertensão chegam a dobrar em moradores das favelas por conta dos efeitos do choque permanente, controle e cerco contra o povo impostos pelas operações policiais genocidas nas favelas do Rio de Janeiro.
Helicópteros sobrevoam favela da Maré, no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução
Helicópteros sobrevoam favela da Maré, no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução
Helicópteros sobrevoam favela da Maré, no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução

Operações genocidas nas favelas fazem crescer até 70% de chances de depressão, hipertensão e insônia

Uma pesquisa inédita sobre saúde nas favelas revelou que condições como insônia, depressão e hipertensão chegam a dobrar em moradores das favelas por conta dos efeitos do choque permanente, controle e cerco contra o povo impostos pelas operações policiais genocidas nas favelas do Rio de Janeiro.

Uma pesquisa inédita sobre saúde nas favelas revelou que condições como insônia, depressão e hipertensão chegam a dobrar em moradores das favelas por conta dos efeitos do choque permanente, controle e cerco contra o povo impostos pelas operações policiais genocidas nas favelas do Rio de Janeiro. A pesquisa foi feita pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), que entrevistou cerca 1,5 mil moradores adulto, em seis favelas do Rio.

A pesquisa foi realizada em três favelas alvos de recorrentes operações ostensivas e em três que foram pouco alvo de operações. No primeiro grupo estavam as favelas Nova Holanda (Complexo da Maré), CHP-2 (Complexo de Manguinhos) e Vidigal, que de 2017 a 2022 registraram, juntas, 120 ações das polícias. No segundo, o Parque Proletário dos Bancários (Ilha do Governador), o Parque Conquista (Caju) e o Jardim Moriçaba (Senador Vasconcelos), com três ações da polícia no mesmo período.

Os moradores das favelas alvos de operações ostensivas têm risco 42% maior de desenvolver hipertensão, ligada à exposição ao estresse. Para depressão, esse risco sobe para 62%, sendo maior em mulheres e pessoas de 45 anos ou mais, na comparação entre as comunidades mais afetadas pelas operações genocidas e o grupo controle. Já o risco de insônia prolongada aumenta para 73%, segundo a pesquisa.

Imediatamente durante as operações, cerca de 30% dos moradores das comunidades alvo de ostensividade perdem o sono, sentem tremores e falta de ar durante tiroteios. Outros 43% sentem o coração acelerar ao ouvir disparos.

“Todo mundo vive meio ansioso. A gente escuta um tiro sabendo que tem que sair pra trabalhar e levar as crianças pra escola.”, denunciou uma moradora de Manguinhos ao monopólio de imprensa reacionário G1.

Fátima Pinho, de 49 anos, da favela de Manguinhos, relatou que já teve um filho asfixiado até a morte por PMs na favela, e afirmou sobre as operações: “Meu medo constante é sair para trabalhar e deixar meus filhos em casa. Um deles já foi torturado por agentes do Estado, mesmo mostrando a carteira assinada. Procuro não tomar remédios para não ficar dependente. Mas é muito difícil. Já perdi um filho. Não quero perder outros”.

Um morador do Vidigal afirmou sobre sua sensação de ansiedade em relação ao terrorismo do velho Estado: “O triste é que parece que essa situação só vai piorando. A gente fica com esse sentimento na cabeça. Uma coisa ruim, de tristeza, que parece que isso nunca vai mudar”. “Até quando a gente vai viver isso, até quando a gente vai ter que passar por isso?”, questiona.

Ana Paula de Oliveira, ativista no grupo Mãe de Manguinhos, teve seu filho Johnatha morto pela polícia com um tiro nas costas, e denunciou: “Nós, mães, adoecemos. Começa no momento que nosso filho é tirado da nossa vida. E piora quando não vemos a justiça. Algumas não resistem e morrem”.

Direitos negados

Além do adoecimento, os moradores das favelas têm o acesso a direitos negados pelas operações, como o do acesso a serviços de saúde. Quase 60% dos entrevistados disseram que já tiveram suas unidades locais fechadas às pressas devido às operações, e outros 26,5% já precisaram adiar uma ida ao médico por não conseguir sair de casa durante confrontos. Segundo a Secretaria de Saúde, clínicas de saúde foram fechadas 445 vezes em 2022 devido às operações.

A pesquisa também estimou que, anualmente, os moradores das comunidades alvo de operações ostensivas perdem 1,4 milhão de reais por não conseguirem realizar atividades do dia a dia devido a problemas de saúde.

Ditadura para o povo

O adoecimento das massas mais profundas nas favelas do Rio são reflexo do aprofundamento da guerra contra o povo e ocorre em todo o País. Somente nas últimas semanas, dezenas de moradores de favelas foram assassinados em operações e chacinas policiais também nos estados de São Paulo e Bahia. São ações que refletem uma política de Estado que é mantida apesar da troca de governo, voltada a estabelecer um choque e estado de terror permanente contra as massas na tentativa de frear sua inevitável rebelião contra a violação e retirada de direitos.

“Morar em favela não é o problema. Acho que o problema acaba sendo mais pela insegurança pública. Quando os nossos direitos, eles são violados em todos os âmbitos”, demarcou uma moradora da Maré sobre o cotidiano de repressão imposto ao povo.

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