Operários da CSN se reúnem durante greve de abril, em Congonhas, Minas Gerais. Foto: Reprodução
Operários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) estão há quase um mês em greve nos terminais de Congonhas, em Minas Gerais, e de Volta Redonda e Itaguaí, no Rio de Janeiro. Os trabalhadores exigem reajuste salarial e a participação nos lucros e resultados (PLR) da empresa.
São cerca de 20 mil trabalhadores e trabalhadoras paralisados desde o dia 31 de março, somente na mineração em Congonhas. Os trabalhadores do terminal de carvão do Porto de Itaguaí, e da siderúrgica, em Volta Redonda entraram em greve no dia 8 de abril.
A decisão pela greve se deu após uma assembleia realizada no dia 07/04, em que os trabalhadores levantaram suas reivindicações. A CSN tentou desmobilizar a votação e chegou a proibir que os trabalhadores se reunissem no portão da empresa. No entanto, a votação aconteceu e os trabalhadores decidiram entregar uma pauta de reivindicações para a direção da empresa.
Os operários reunidos afirmaram que se não fossem cumpridas tais exigências, entrariam em greve, e assim foi. Como forma de repressão à greve, a CSN demitiu trabalhadores que compõem a Comissão de Base, porém estes não abaixaram a cabeça e convocaram os colegas a seguirem com a paralisação.
Demandas da greve
Os operários denunciam que estão há mais de dois anos sem reajuste salarial. Eles também exigem a volta do plano de saúde, aumento do vale-alimentação para R$ 800, bônus extra no Natal, equiparação salarial, implementação de plano de cargos e salários, estabilidade no emprego e pagamento dos dias parados.
Enquanto os operários sofrem com a falta de salários, os acionistas da CSN obtêm lucros recordes. De acordo com os trabalhadores, somente em 2021, a empresa obteve um lucro de 217% chegando a R$ 13,6 bilhões.
No dia 19 de abril a empresa ofereceu um reajuste de apenas 8,01% aos empregados com salário de até R$ 3.000,00 e aos que recebem acima de R$ 3.000,00, somente 5%. Esse reajuste aconteceria no âmbito do Acordo Coletivo, com data base em 1º de maio.
Enfrentando governo, pelego e patrões!
A proposta foi repudiada pelos trabalhadores, porém o pelego Sindicato do Metalúrgicos de Volta Redonda (Sindmetalsf) tentou desmobilizar a luta dos trabalhadores e aceitar a proposta da CSN. O sindicato impôs que fosse feita uma votação secreta das propostas, para que a mesma fosse aprovada. Contudo, a maquinação não foi capaz de barrar a luta dos operários que, ao votarem, gritaram que não iriam aceitar a proposta. A decisão pela manutenção da greve venceu com 99,3% dos votos.
Os trabalhadores afirmaram que recusaram a proposta de reajuste da CSN pois o reajuste oferecido não cobre sequer o valor da inflação dos últimos 12 meses (que em 12 meses, chegou a 12,03%, a maior taxa desde novembro de 2003) e está muito longe dos 30% de aumentos salários exigidos pelos operários que igualaria as perdas salariais dos últimos três anos.