PA: Ato contra fascismo é impedido e PM prende 112 pessoas

PA: Ato contra fascismo é impedido e PM prende 112 pessoas

Manifestantes detidos em ação covarde das Polícias militar e Civil sob ordens do governador Helder Barbalho, no Pará. Foto: João Batista Jr

Na manhã do dia 7 de junho seria realizado em Belém, no Mercado de São Braz, um ato contra o fascismo e contra o governo de Bolsonaro e dos generais, porém foi impedido por forte aparato repressivo da Polícia Militar (PM). Cerca de 112 pessoas que chegavam ao local foram detidas. Estiveram presentes cerca de 200 militares que contavam com Tropa de Choque, Cavalaria e Canil, segundo dados do governo.

As prisões foram efetuadas com base no decreto estadual, nº 800/2020, que proíbe aglomerações com mais de dez pessoas; contudo por meio de outro decreto, no dia anterior, a abertura de Shoppings Centers em todo o Pará foi liberada, e no final de maio as igrejas também tiveram suas atividades liberadas parcialmente.

Além das prisões, todas as vias de acesso ao local foram interditadas com barreiras pela Superintendência de Mobilidade de Belém (SEMOB) com apoio da PM horas antes da realização do ato, previsto para ocorrer por volta das 9h.

Vários ônibus que se dirigiam ao centro de Belém e apenas passavam nas ruas próximas das barreiras foram parados e todos os passageiros revistados pela PM. Alguns estudantes relataram ao AND a realização de abordagens da PM contra estudantes com mochilas que caminhavam cerca de 2 km distantes do local do ato.

Em entrevista à Agência Amazônia Real, o advogado Marco Apolo Leão Santana, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), denuncia que as detenções realizadas são um absurdo. A SDDH realizou uma força tarefa para dar assistência jurídica aos detidos. “A operação é um absurdo pelo seguinte: não houve a manifestação. As pessoas estavam chegando à manifestação e a polícia começou a catar as pessoas em pontos de ônibus. Temos relatos de pessoas que foram agredidas também. Foi uma verdadeira operação terrorista praticada pela PM. Não faz sentido o governo do estado fazer um procedimento desses com relação aos grupos antifascistas e fazer essas detenções. Foi uma ação seletiva, racista e que merece o nosso repúdio. Nós sabemos que há aglomerações em vários lugares. O próprio estado liberou a abertura do comércio. Os shoppings estão todos lotados”.

Em outra entrevista uma jovem negra denuncia que foi perseguida pela PM, sendo detida com mais outras 13 pessoas por aglomeração, contudo ela também denuncia que ficou aglomerada com outras pessoas até as 17h quando todos os detidos foram liberados da Seccional. Temendo represálias ela preferiu não se identificar: “Alegaram que, se estávamos ali, íamos com o grupo todo para delegacia. Disseram que estávamos descumprindo o decreto do governador. Falaram que íamos até a Seccional da Cremação por que era procedimento padrão. E colocaram a gente dentro do micro-ônibus com mais um grupo de cerca de 13 pessoas. Ao chegar na delegacia, também ficamos aglomerados”.

Foto: Cícero Gomes Pedrosa

Foto: Banco de Dados AND

Foto: Gizelle Freitas

Foto: Cícero Pedrosa Neto

Foto: Thiago Gomes

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