PA: Barricadas e faixas são erguidas por camponeses contra iminente despejo articulado pela Vale

PA: Barricadas e faixas são erguidas por camponeses contra iminente despejo articulado pela Vale

Famílias camponesas ameaçadas de despejo em favor da mineradora Vale, ergueram uma barricada interditando a estrada, junto a faixas em uma via de acesso ao Projeto Sossego, em Canaã dos Carajás, estado do Pará.

A faixa com a frase “Não abrimos mão de nossas terras! Fora Vale!”, expressa a conduta das cerca de 800 famílias que desde o ano de 2015 ocupam áreas de terras que foram concentradas pela mineradora Vale em Canaã dos Carajás. Na eminência de mais um despejo arbitrário, os trabalhadores organizaram o protesto.

Faixa erguida pelas famílias reafirmam luta pela terra. Foto: Banco de dados AND.

As famílias camponesas mais ameaçadas fazem parte de acampamentos chamados projeto Cristalino,  Serra Dourada e Grotão do Mutum. Em 2016, um despejo ocorreu contra os moradores de Grotão do Mutum e desde então seguranças da mineradora vigiam o local durante 24 horas, o que dificultou o retorno das famílias à área.

De acordo com artigo dos pesquisadores Rafael Rodrigues Lopes, Marcelo Melo dos Santos e Thiago Martins da Cruz da Universidade Federal do Pará (UFPA), logo após as ocupações, a Vale ingressou com 26 pedidos de despejo dos camponeses.

Moradores registraram posteriormente as marcas deixadas pelo fogo no local onde foram erguidas as barricadas. Foto: Banco de dados AND.

Em uma nota à população divulgada na região das ocupações em 2015, os camponeses afirmaram que a maioria destas áreas adquiridas pela Vale se transformaram em latifúndios improdutivos enquanto a demanda por terra por trabalhadores rurais sem terra aumentou. E afirmaram também que o objetivo da criação dos acampamentos é retomar estas terras para a mão dos camponeses para torná-las produtivas e resolver os problemas de milhares de famílias que se tornaram mais pobres e necessitadas na região.

De acordo ainda com este texto, afirmam que não há provas que houve legalidade na compra das terras pela mineradora, principalmente porque a área deveria ser destinada à “reforma agrária”. Em entrevista aos pesquisadores, um dos camponeses afirmou: “Nós somos moradores daqui de Canaã desde o ano 2000. Desde, de lá pra cá, nós luta por um pedacinho de terra e nunca conseguimos. E a metade do município já é da Vale, entendeu? Por isso nós resolvemos ocupar essa terra”.

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