O camponês Joacir Fran Alves da Mota, de 38 anos, foi assassinado a tiros na noite de 4 de março, em Pau D’Arco, sudeste do Pará. Ele integrava o Acampamento Jane Júlia situado nas terras retomadas da fazenda Santa Lúcia, onde ocorreu a Chacina de Pau D’Arco, em 24 de maio do ano passado. A morte de Joacir da Mota estaria relacionada a luta dos camponeses pela posse da fazenda Santa Lúcia.
A morte do camponês é responsabilidade direta do velho Estado e suas instituições, denuncia o advogado da Associação Brasileira dos Advogados do Povo (Abrapo), Hugo Escher, em entrevista ao AND.
− A culpa deste assassinato é mais uma vez do Estado, especialmente, pelo Governo Federal e Incra, que não resolvem nada, não desapropriam as terras do latifúndio, não investigam as terras griladas pelos latifundiários e, para agravar, cortaram bruscamente o orçamento para a reforma agrária, dentre outras responsabilidades negligenciadas. Do Poder Judiciário, que não pune, ou, sequer, investiga os mandantes da Chacina.
O assassinato de Joacir da Mota é a 13ª morte ocorrida na luta pela posse das terras da fazenda Santa Lúcia. Além dos dez camponeses assassinados pelas forças policiais em 24 de maio, ocorreram o assassinato de Rosenildo Pereira de Almeida, de 44 anos, em 7 de julho e a morte de Verônica Pereira Milhomem, de 54 anos, em 5 de fevereiro deste ano. Ela havia perdido sete parentes na Chacina, incluindo os dois únicos filhos, que a mantinham financeiramente, já que fazia tratamento de hemodiálise devido a um problema renal, utilizava uma bolsa de colostomia e era diabética.