PA: Camponeses ameaçados em Canaã dos Carajás 

Na madrugada do dia 14/07, centenas de famílias de camponeses sem terra, em Canaã dos Carajás, Pará, ocuparam uma área de interesse da empresa Vale S/A, dentre as inúmeras que ela vem se apropriando desde o ano de 2000, no Projeto de Assentamento Carajás II e III. 
Em 2017, camponeses ocuparam sede do Incra contra avanço da mineradora Vale S/A. Foto: Rafael Lopes/Brasil de Fato

PA: Camponeses ameaçados em Canaã dos Carajás 

Na madrugada do dia 14/07, centenas de famílias de camponeses sem terra, em Canaã dos Carajás, Pará, ocuparam uma área de interesse da empresa Vale S/A, dentre as inúmeras que ela vem se apropriando desde o ano de 2000, no Projeto de Assentamento Carajás II e III. 

Na madrugada do dia 14 de julho, centenas de famílias de camponeses sem terra, em Canaã dos Carajás, município com maior arrecadação nacional por exploração mineral, no Sudeste do Pará, ocuparam uma área de interesse da empresa Vale S/A, dentre as inúmeras que ela vem se apropriando desde o ano de 2000, no Projeto de Assentamento Carajás II e III. 

Os primeiros obstáculos enfrentados pelas famílias de camponeses foram três grandes valas abertas na estrada de acesso à área. A abertura das valas, com uso de retroescavadeira, foi feita por um grupo de pequenos fazendeiros logo assim que tomaram conhecimento da possibilidade de ocupação. Interessados na área para criação de gado, estão em conluio com a mineradora Vale – que vê nessa como uma alternativa de manter sua concentração sobre as terras da região.

Ao amanhecer do mesmo dia 14/07, um grupo liderado pelo presidente da entidade latifundiária Sindicato dos Produtores Rurais de Canaã dos Carajás se aproximou da área ocupada para realizar ameaças contra as famílias acampadas, situação que perdurou por todo o dia e parte da noite.

Já um grupo de pequenos fazendeiros que se apresentou como antigos proprietários da área que foi apropriada pela Vale S/A e alegando que a empresa ainda não havia concluído a negociação, também apareceu no local para tentar negociar com  as famílias acampadas a desocupação da área.

No dia 15/07, pela manhã, foi a vez da polícia cumprir seu papel de capacho dos latifundiários e das mineradoras. O delegado da Delegacia Especial de Conflitos Agrários (Deca), acompanhado de dezenas de policiais civis e militares, e do oficial de justiça, chegou na área do acampamento procurando pelas lideranças para apresentar a Liminar de Despejo, emitida pelo juiz de plantão a serviço da Vale.

Depois de muitas ameaças do delegado e criminalização das famílias acampadas, além de leitura da Liminar de Despejo e de muitos questionamentos dos camponeses, foi tomada a decisão pela desocupação da área. Como complemento do ataque contra o direito à terra, as próprias famílias camponesas teriam que se responsabilizar pelos custos e esforços do deslocamento para fora da área.

Além da repressão policial e coação por parte de latifundiários, os camponeses e lideranças foram alvo de ataques em diferentes meios, dentre eles redes sociais, por grandes empresários, políticos, sindicatos dos latifundiários e pela prefeitura. Mesmo diante de todos os tipos de ameaças, até de morte, a decisão dos camponeses em continuar a luta pela terra não arrefeceu.

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