PA: Camponeses do acampamento Terra Prometida em Marabá são torturados e executados por policiais civis

Trabalhadores do assentamento refutam a versão policial de que houve confronto e afirmam que os camponeses foram executados na surdina enquanto dormiam em suas redes.
Foto: Reprodução/PC

PA: Camponeses do acampamento Terra Prometida em Marabá são torturados e executados por policiais civis

Trabalhadores do assentamento refutam a versão policial de que houve confronto e afirmam que os camponeses foram executados na surdina enquanto dormiam em suas redes.

No último sábado, dia 12/10, em uma ação de terrorismo de Estado, policiais civis da delegacia de conflitos agrários (DECA) do Pará invadiram às 4h da manhã o Acampamento/Associação Terra Prometida, e executaram camponeses dormindo. Os policiais estavam com rostos cobertos e sem identificação.

Segundo informações do Instituto Zé Cláudio e Maria e do MST, relatos dão conta de que 5 camponeses foram assassinados e outros seguem desaparecidos. Até o momento, dois corpos chegaram ao IML: o de Adão Rodrigues de Sousa e Edson Silva e Silva. Nem Adão e nem Edson haviam mandado de prisão em aberto e tampouco passagem pela polícia.

Trabalhadores do acampamento refutam a versão policial de que houve confronto e afirmam que os camponeses foram executados na surdina enquanto dormiam em suas redes. Acrescentam ainda que os policiais chegaram fora das suas viaturas e utilizando uma espingarda que não é de uso oficial da Polícia Civil. No domingo, dia seguinte da operação, viaturas da polícia seguiam no local junto à presença de pistoleiros.

No momento da execução, Adão e Edson dormiam em um barracão coletivo, onde havia outros 16 trabalhadores. Apenas dois estavam acordados no momento preparando café, no instante em que foram surpreendidos por um grito de “perdeu, perdeu!”, que antecipou as rajadas de tiro em Adão e Edson.

Diversos movimentos sociais já se posicionaram oficialmente em nota conjunta sobre o grave ocorrido, como o próprio Instituto Zé Claudio e Maria, a Comissão Pastoral da Terra e o MST.

Na nota, os movimentos dão conta de que também houve o crime de tortura. “Um dos policiais colocou uma faca no pescoço de um jovem […] e o ameaçou de morte caso não dissesse onde se encontrava o coordenador do grupo.” Um camponês foi baleado na perna.

O acampamento Terra Prometida é constituído por centenas de família paraenses que lutam para regularizar suas posses na Fazenda Mutamba, propriedade da família Mutran. A família Mutran é conhecida por ser uma violenta oligarquia no Pará, envolvida em diferentes casos de trabalho escravo ao longo dos anos.

Essa situação não é fato novo no Pará. Em 2017, repercutiu nacionalmente o massacre de Pau D’arco, acampamento onde 10 camponeses foram brutalmente assassinados com participação da mesmíssima DECA.

Fatos como esse comprovam a justeza da mais recente nota da Liga dos Camponeses Pobres que, após derrotar 50 pistoleiros que realizaram incursão na comunidade de Barro Branco – PE, realizou uma nova convocatória aos povos do campo para que façam sua autodefesa armada e defendam suas terras contra os bandos paramilitares vinculados às polícias locais.

LCP emite comunicado: ‘Os paramilitares bolsonaristas estão levando sua guerra covarde ao campo, é guerra o que eles vão ter!’ – A Nova Democracia
“Nós camponeses somos os palestinos do Brasil e lutamos contra um inimigo armado até os dentes; mas assim como o Povo Palestino, nossa luta é justa e venceremos inevitavelmente! Há exatos 75 anos, o povo chinês, em mais de 27 anos de guerra popular prolongada, derrotou três grandes inimigos que pesavam sobre o povo e a nação chinesa: o imperialismo, o capitalismo burocrático e o latifúndio feudal e semifeudal. Do mesmo modo, o povo palestino e o povo brasileiro, assegurarão a sua completa libertação, mesmo que a luta cobre muito tempo para se cumprir, nossa causa triunfará inevitavelmente!”, declara a LCP
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