Camponeses e indígenas seguem a denunciar a mineradora imperialista canadense Belo Sun por diversas violações, ameaças e tentativas de despejo promovidas na região de Altamira, no Pará (PA), onde a empresa busca implementar um megaprojeto de mineração de ouro. A mais recente denúncia consta no relatório “Mina de Sangue – Relatório sobre o projeto da mineradora Belo Sun”, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Além dos despejos e pistolagem, a Belo Sun já foi acusada também de envolvimento em esquemas de grilagem e compra de 1.439 hectares de terras destinados à reforma agrária.
A empresa faz parte do grupo canadense Forbes & Manhattan, um banco de investimentos focado no financiamento de projetos internacionais de mineração. Em Altamira, a Belo Sun busca estabelecer um projeto de mineração que almeja extrair cinco toneladas de ouro por ano por, no mínimo, 12 anos. Para viabilizar a operação, os imperialistas planejam a utilização constante de explosivos, a instalação de duas minas a céu aberto e a construção de uma barragem para armazenar resíduos químicos provenientes da mineração, um aterro sanitário, um depósito de explosivos, uma estação de abastecimento de combustíveis, alojamentos e estradas.
A operação deve impedir o acesso das comunidades indígenas à região e restringir o direito à caça, pesca, extrativismo e lazer, impedindo atividades básicas do dia a dia e subsistência desses povos. O empreendimento oferece ainda riscos de contaminação dos rios e o plano da barragem apresenta irregularidades. Tudo isso prejudica e oferece graves riscos em uma região onde as massas já sofrem os duros impactos da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, erguida sobre os despejos e remoções das comunidades camponesas locais e que até hoje impede a subsistência de camponeses e indígenas da região, com o desvio de até cerca de 85% das águas do rio Xingu para as operações da UHE.
Os indígenas denunciam ainda o histórico de outros crimes da mineradora imperialista, como de grilagem e de compra de terras destinadas à reforma agrária. Em 2022, a Belo Sun comprou do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) 1.439 hectares de terras destinadas a um Projeto de Assentamento (PA). Além destes, outros 989 hectares de terras públicas foram cedidos à empresa, totalizando 2.428 hectares. O referido PA era reivindicado por cerca de 600 famílias camponesas, enquanto as outras terras eram exigidas por indígenas para viver e trabalhar. Em vez disso, as terras foram entregues ao capital imperialista e as massas foram lançadas à miséria e ao desamparo, reféns do latifúndio e suas relações precárias e semifeudais de trabalho.
Como forma de garantir os antigos e novos empreendimentos, a Belo Sun tem promovido ameaças e ações de pistolagem contra os camponeses e indígenas, segundo as próprias massas da região. Essas acusações se arrastam desde 2012, quando surgiram denúncias de que a mineradora estava promovendo a restrição de acesso à áreas públicas, promovendo a grilagem e contratando empresas de seguranças privadas como a Invictus para serviços de pistolagem. Em 2023, com a suspensão da Licença de Instalação da empresa, as ameaças aumentaram. Os camponeses têm relatado perseguições, ameaças e invasões de casa, além do receio de andarem sozinhos na região pelo risco de serem assassinados.