PA: CEPASP celebra 40 anos de lutas, resistências e vitórias (Parte 1) 

O CEPASP surge no ano de 1984, ainda no regime militar fascista de 64, como um instrumento para enfrentar a imposição dos grandes projetos implantados na região amazônica
Mobilizações de camponeses atingidos pela barragem de Tucuruí (1980) Foto: Reprodução

PA: CEPASP celebra 40 anos de lutas, resistências e vitórias (Parte 1) 

O CEPASP surge no ano de 1984, ainda no regime militar fascista de 64, como um instrumento para enfrentar a imposição dos grandes projetos implantados na região amazônica

O Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical (CEPASP) completou 40 anos de existência no fim de outubro de 2024. Uma grande celebração ocorreu entre os dias 04 e 09 de novembro em escolas, universidade, bairros. Com o tema “lutas, resistências e vitórias”, a entidade resgatou toda a sua trajetória no intuito de impulsionar a organização popular nesses próximos períodos.  

O CEPASP surge no ano de 1984, ainda no regime militar fascista de 64, como um instrumento para enfrentar a imposição dos grandes projetos implantados na região amazônica. Com uma icônica sede na Rua Sororó, Núcleo da Cidade Nova em Marabá, a sua atuação não se limita sequer à fronteira conhecida como sudeste do Pará. Emblemáticas lutas como a resistência à construção da Estrada de Ferro Carajás, cujo impacto às populações vai de Canaã dos Carajás à São Luís do Maranhão, e da Hidrelétrica de Tucuruí são marcos importantes. 

Atualmente o CEPASP se constitui como uma comuna baseada no princípio da economia solidária e da independência. Ocorre atividades de formação, feira camponesa do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) e Porto Seguro aos sábados. E defende princípios de vida por meio de uma nova prática social funcionando por meio dos círculos de economia popular e solidária, de estudo e leitura e de arte e cultura. 

O trabalho de base junto as massas é um referencial. A organização da população pobre por moradia, a organização do campesinato na luta contra o latifúndio e os agentes do imperialismo fez com que essa história pudesse ser recontada a centenas de pessoas, tamanho prestígio que a instituição possui.  

As primeiras atividades ocorreram nas escolas públicas com objetivo de formação dessa nova juventude. As Escolas Estaduais Acy de Barros, Anísio Teixeira e Liberdade foram as escolhidas já que o CEPASP teve uma relação de lutas nesse território. A Escola Estadual Liberdade, inclusive, foi fundada com intervenção direta na luta por moradia no bairro de mesmo nome. Angelina Martins, fundadora do CEPASP, narrou esse episódio para as/os adolescentes: 

“Essa escola foi construída pelos moradores, que queriam as casas, queriam ficar na área, que construíram novamente seus barracos, e as crianças sem ter condição de ir para a escola lá na Cidade Nova. E aí junto com as famílias, pedimos madeira nas serrarias, pregos, enfim. Conseguimos fazer uma escola, que hoje é o galpão, foi ali onde funcionou essa escola de verdade. Ela foi criada assim, dessa forma, ali na avenida Antônio Vilhena onde, hoje, uma família tomou de conta dali. A gente iniciou a Escola Liberdade lá. Nesse galpão tinha quatro salas de aulas, uma salinha que era a diretoria e a secretaria, uma área que fazia merenda para os alunos e área para os meninos se mexerem, depois que saíam da sala de aula na hora do recreio. E aí começamos a dar aulas ali, e a comunidade deu o nome de Escola Liberdade. Como era um galpão de madeira, que não tinha condições de funcionar como escola, nós[CEPASP] juntamente as famílias, pedimos para o governador uma escola oficial de alvenaria, que nem essa aqui, uma escola de verdade, para os jovens e as crianças estudarem. E, a gente trabalhar. E aí o governador construiu essa escola aqui, nesse lugar. 

As famílias que escolheram o lugar. Inicialmente era uma escola de seis salas. Fui diretora eleita pela comunidade. E aí o número de alunos foi aumentando, a escola era uma escola referência em Marabá, muito conceituada. A gente ia para os desfiles de 07 de setembro, levando os alunos, levando a escola para mostrar a realidade da escola, no sentido de conseguir melhorias para o funcionamento da escola. E nós conseguimos essa grande vitória que foi a ampliação da escola. Então temos essa escola nossa, como uma escola da comunidade do bairro Liberdade. E eram as famílias que tomavam as decisões na escola, todas as decisões. Quem vai ser o diretor da escola? Vamos eleger a direção da escola. É esse o caminho democrático e o mais correto que as comunidades têm que tomar. E aí no tempo que a gente trabalhava, nós tínhamos a participação muito ativa dos estudantes na escola, nós conseguimos organizar o Grêmio Estudantil.” 

Celebração 40 anos do CEPASP na Escola Estadual Liberdade 

Uma sessão do documentário Minerando conflitos (2014) foi mediada por um dos diretores do filme, Thiago Martins (integrante do CEPASP) e pelo veterano Raimundinho, membro fundador e ainda liderança da entidade popular. Eles abordaram sobre a espoliação mineral pelos países imperialistas no Brasil e, em particular, na Amazônia. As lutas travadas em defesa do meio ambiente desde a década de 1980, a organização dos grêmios estudantis que na época eles denominavam de grupos ecológicos.  

O jornal A Nova Democracia esteve presente divulgando a imprensa independente e classista e a consciência que o CEPASP teve, desde o princípio, na conformação do comitê de apoio local. Ao final, foi realizado sorteios de livros e do jornal A Nova Democracia. Um fato curioso foi que a primeira estudante sorteada, que tinha a oportunidade de escolher entre todos os prêmios interessou-se pelo jornal A Nova Democracia. Houve, inclusive, grande disputa pelos adolescentes para lerem a imprensa. 

Esse momento serviu para conscientizar, motivar e mobilizar a juventude para conhecer a história e a realidade como forma de engajar-se na necessária luta pela transformação da vida do povo. 

Celebração dos 40 anos do CEPASP na Escola Estadual Anísio Teixeira

Uma sessão do documentário Minerando conflitos (2014) foi mediada por um dos diretores do filme, Thiago Martins (integrante do CEPASP) e pelo veterano Raimundinho, membro fundador e ainda liderança da entidade popular. Eles abordaram sobre a espoliação mineral pelos países imperialistas no Brasil e, em particular, na Amazônia. As lutas travadas em defesa do meio ambiente desde a década de 1980, a organização dos grêmios estudantis que na época eles denominavam de grupos ecológicos.  

O jornal A Nova Democracia esteve presente divulgando a imprensa independente e classista e a consciência que o CEPASP teve, desde o princípio, na conformação do comitê de apoio local. Ao final, foi realizado sorteios de livros e do jornal A Nova Democracia. Um fato curioso foi que a primeira estudante sorteada, que tinha a oportunidade de escolher entre todos os prêmios interessou-se pelo jornal A Nova Democracia. Houve, inclusive, grande disputa pelos adolescentes para lerem a imprensa. 

Esse momento serviu para conscientizar, motivar e mobilizar a juventude para conhecer a história e a realidade como forma de engajar-se na necessária luta pela transformação da vida do povo. 

Confira fotos históricas do CEPASP:

Grande encontro de povos indigenas  contra a construção da barragem de Kararaô /Belo Monte em Altamira(1989) 
Encontro marabaense em defesa do meio ambiente(1987-1991) com a participação de Ailton Krenak

Escola Liberdade promove desfile ecológico em defesa do meio ambiente (1988) 

Lutas dos professores em Marabá sob direção das companheiras Jaide, Angelina, Julia furtado e Maria Vieira. 

Mobilizações com a juventude em defesa da educação em Marabá e Itupiranga 

Acampamento de camponeses na luta por terra contra a apropriação feita pela companhia Vale do Rio Doce em Parauapebas (1990).  

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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