Por volta das 05 horas do dia 11 de outubro, o Acampamento/ Associação Terra Prometida situado na zona rural de Marabá foi invadido de forma altamente truculenta pela Polícia Civil do Pará. A ação, fortis status, foi comandada pela Delegacia Especializada de Combate a Conflitos Agrários (DECA), aparato policial atuante nos conflitos contra a população pobre do campo.
Relatos obtidos pelo Instituto Zé Cláudio e Maria, entidade de defesa dos direitos humanos no Pará, detalham a truculência: “eles já entraram no território de forma violenta com tiros, fazendo vítimas, inclusive fatais”. Já informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a abordagem covarde dos policiais teve a finalidade de promover mais uma chacina, também “não foi apresentado nenhum mandado judicial, e os policiais envolvidos encontravam-se sem identificação nos uniformes”. Ao que se sabe até o momento são cinco assassinatos e inúmeros feridos.
A área é ocupada por cerca de mais de 200 posseiros em disputa pela Fazenda Mutamba. Em março deste ano, o juiz da Vara Agrária de Marabá, conhecido defensor dos interesses dos latifundiários da região, Amarildo José Mazutti decidiu conceder posse aos Mutran, conhecida família oligárquica dos castanhais na região. Entretanto, “no fim de maio, o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a ordem de reintegração de posse do Complexo Mutamba”, afirma o portal debatecarajás.
Essa é mais uma demonstração de que de norte a sul do país estamos vivendo a escalada de uma guerra no campo. E conforme analisa o editorial do jornal A Nova Democracia, de 8 de outubro de 2024, “a guerra camponesa secular, historicamente muito subestimada pelo movimento revolucionário brasileiro, e que esteve reivindicada e levada a cabo por algumas gerações de valorosos comunistas, que não regatearam sacrifícios para abrir caminho à revolução, nunca cessou, senão que após derrotas duríssimas sempre voltou a se levantar. Assim tem sido a etapa mais elevada da luta camponesa das últimas décadas que preparam um grande salto. Esta é a realidade nas zonas rurais do País: nela se debatem os camponeses pobres, indígenas e quilombolas, por um lado, e o latifúndio historicamente, hoje vanguardeado pelas hordas paramilitares bolsonaristas apoiadas por contingentes das forças policiais do velho Estado, por outro.”