Na manhã do dia 15 de dezembro, o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilson Maria Tampone, de 43 anos, foi assassinado com três tiros à queima roupa no bairro do Alvorada, em Rurópolis, distante cerca de 1,1 mil quilômetros de Belém. Atualmente, Gilson era dirigente de três assentamentos de pequenos produtores rurais no município de Placas, município vizinho, distante cerca de 90 quilômetros, localizado na região da Transamazônica.
De acordo com familiares, dois homens chegaram em uma moto e bateram no portão. Ao atendê-los, “Mineiro”, como era conhecido Gilson, foi atingido com três tiros, sem chance de defesa. Foi então encaminhado para um hospital de Rurópolis, mas evoluiu a óbito.
Atualmente “Mineiro” era dirigente nos assentamentos Avelino Ribeiro, Castanheiro e Arthur Faleiro, no município citado, onde vivem aproximadamente 600 famílias. As ameaças de morte se intensificaram por conta da negligência costumeira do velho Estado para os conflitos agrários da região. Ele então fugiu com a família para o município vizinho de Rurópolis há cerca de um ano, contudo, neste sábado foi assassinado.
A região possui longo histórico de graves conflitos agrários desde a abertura da Rodovia Transamazônica, durante o governo fascista-militar. Durante o gerenciamento oportunista do PT (2003-2015), houve agravamento da situação por conta da construção da UHE Belo Monte, no entanto, a população local reagiu intensamente contra a obra, apesar da intensa e extensiva militarização da região. Atualmente a região vivencia intensos conflitos por conta das consequências da UHE Belo Monte, projetos da mineradora Belo Sun, invasão e ocupação de terras indígenas pelo latifúndio, entre outros.
Segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do ano de 2017, a cada 15 dias um camponês é morto no Pará. Em comparação a outros estados, o Pará liderou o ranking com 22 assassinatos, sendo o segundo colocado o estado de Rondônia. Ainda segundo a CPT, a média de mortes em 2018 aumentou consideravelmente.