No dia 05 de dezembro aconteceu a abertura da exposição “Memória, Justiça e Verdade”, na galeria Benedito Nunes, em Belém. 36 artistas expuseram suas obras, com homenagens a militantes e democratas que lutaram no período, e de denúncia dos crimes do regime militar fascista.
A exposição foi organizada pela artista Lúcia Gomes, com curadoria de Sanchris Santos e expografia de Marcelo Lobato. Além das obras expostas, o evento contou com músicas, declamações de poemas e intervenções políticas.
O Comitê de Apoio ao AND de Belém entrevistou a estudante e artista Pluto (nome artístico de Raquel Rabelo), que expôs a obra “Ela virou uma leoa”. Em entrevista ao Comitê de Apoio, explicou a inspiração para ela:
“A obra ‘Ela virou uma leoa’ surgiu através da leitura de um artigo sobre as mulheres mães durante a ditadura militar. O que acontece é que muitas dessas mulheres viviam apenas dentro de casa, cuidando dos filhos, e durante toda a violência da ditadura militar muitos filhos acabaram sendo mortos, torturados, desaparecidos, e quem teve a iniciativa de tomar as ruas e lutar por justiça para seus filhos foram essas mães. Dentro desse artigo havia relatos de mães (…) em um desses relatos uma moça diz: ‘minha mãe se engajou completamente, ela virou uma leoa’ (…)” quis trazer isso para esse quadro, mostrando o poder daquelas mães, tomaram a frente de lutar pelos seus filhos (…)”
Dentre as obras expostas estava a tela “Comandante Osvaldão”, do artista Chico Ribeiro, que também concedeu entrevista ao Comitê de Apoio:
“A obra tem o objetivo de retomar a memória dos lutadores de nosso povo e nesse caso, relembrar a história de Osvaldão.” Os camponeses criaram a lenda de que Osvaldão virava lobo e pedra, virava parte da mata e sumia da vista dos militares, e foi o que busquei retratar na minha obra. É uma homenagem à imortal Guerrilha do Araguaia e seus heróis, porque foi o ponto mais alto na história de lutas do nosso povo e devemos nos mirar no seu exemplo para enfrentar novamente o golpismo que ronda o país.
Outra obra que homenageia combatentes do Araguaia é a tela intitulada “Helenira – Destacamento A”, da artista Nina.
“Essa obra é parte da série ‘Araguaia Vive’, esse tem sido para mim um processo de grande aprendizado. Eu quis trazer para essa obra o rio Araguaia, por isso desenhei as linhas que simbolizam o mapa da região e comecei na mesma tela a retratar a Helenira Resende, pois ela foi um exemplo dessa fúria que reside no coração das mulheres e é uma inspiração para toda a juventude na luta pela liberdade e no combate à ditadura”.
A exposição seguirá aberta ao público até 05 de janeiro. Para mais informações, acesse o perfil do Instagram @galeriabeneditonunes.