Um incêndio de grandes proporções destruiu cerca de 26 casas na Vila da Barca, no bairro do Telégrafo, em Belém. Famílias perderam tudo em questão de minutos.
De acordo com os moradores, as chamas se propagaram ao fim da noite de 11 de setembro. A região, considerada a maior favela sobre palafitas da América Latina, é formada por barracos feitos de madeira e muito próximas uns dos outros, o que contribuiu para o fogo alastrar rapidamente. A viatura do Corpo de Bombeiros chegou ao local às 0h06 e as residências acabaram sofrendo perda total.
“Acordei no desespero, minhas netas e minha nora gritando, não deu para salvar nada. O fogo estava alto e as casas queimando. Não sobrou nem as paredes”, conta Vilma, uma das moradoras que perderam todos os seus pertences no incêndio. Até se reestruturar, ela precisará deixar seus netos na casa de parentes.
Os próprios moradores se mobilizaram para extinguir o fogo, carregando baldes d’água e auxiliando os bombeiros, uma vez que as vielas estreitas eram de difícil acesso. Foram necessários mais de três caminhões para debelar as chamas e as chamas só foram controladas após duas horas. Uma pessoa ficou ferida e cerca de 75 foram atingidas, mas não houve mortes. As vítimas foram atendidas pela equipe de atendimento pré-hospitalar dos bombeiros.
Os bombeiros informaram que será realizado o trabalho de perícia para identificar as possíveis causas do incêndio. Um laudo com as causas do acidente será divulgado em até 20 dias.
Incêndio é crime de Estado
Há mais de dez anos os moradores da Vila da Barca vêm aguardando a instalação de projeto habitacional financiado com recursos federais. Em 2010, o ex-prefeito de Belém Duciomar Costa e outros 13 acusados foram acusados pelo desvio de R$ 31,2 milhões do projeto de reurbanização da cidade.
O prefeito Zenaldo Coutinho se comprometeu com o Ministério Público Federal, a entregar, ainda neste mês, 87 novas casas para o remanejamento de habitantes de palafitas na Vila da Barca, em Belém. Assim, retomaria a nova etapa do programa, iniciada em 2015, para chegar às 400 novas moradias, previstas na origem da iniciativa, mais de 10 anos atrás. Se cumprir o que prometeu, terá que acrescentar 26 unidades às 75.