Na noite do dia 9 de dezembro, um incêndio deixou nove pessoas mortas e diversos feridos no Acampamento Terra e Liberdade, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Parauapebas, Pará.
De acordo com a organização, o acidente ocorreu “após um erro na operação da instalação, uma descarga de energia de alta tensão atingiu os barracos provocando um incêndio. Dentre as vítimas estão 6 acampados e 3 trabalhadores da empresa G5 de internet”.
O grave acidente revela, por um lado, as condições precárias dos trabalhadores da empresa fornecedora da internet. É sabido que casos de descargas elétricas e incêndios são recorrentes no país, mesmo em áreas urbanas e com condições menos precárias de trabalho e vida. Em 2022, foram 1.828 casos de acidentes e mortes envolvendo eletricidade, segundo o Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade. Por outro, destacam-se as péssimas condições de vida, moradia e trabalho aos quais os camponeses são submetidos, principalmente pelo monopólio da terra por poucos latifundiários e falta de terras aos camponeses pobres, além da negligência do velho Estado e órgãos institucionais no assentamento dos acampados.
O presidente Luiz Inácio posicionou-se sobre o caso, e afirmou que o governo está “trabalhando para avançar na retomada da reforma agrária, com a identificação de terras públicas disponíveis, para, após anos de paralisação, dar oportunidade de trabalho e produção para famílias do campo”. Todavia, o pronunciamento (dado após diversos episódios de silêncio presidencial acerca de graves crimes do latifúndio, seus bandos paramilitares e forças repressivas contra camponeses), não se sustenta. Até outubro de 2023, somente 10% da meta anual de assentamentos havia sido cumprida pelo governo, enquanto milhares de camponeses aguardam pela titulação de suas terras em acampamentos precários e alvos constantes de ataques, seja pela pistolagem, seja pelas sabotagens que miram estruturas como luz, água e internet.