Entre os dias 14 e 15 de novembro, aconteceu o 1º Encontro da Juventude do povo Suruí-Aikewara na aldeia Yetá da Terra Indígena (TI) Sororó, no Pará.
O evento teve como tema “Identidade e Resistência: tecendo redes na garantia de direitos”. A finalidade foi debater importantes assuntos da atualidade para impulsionar a luta do povo Suruí-Aikewara articulada às demais lutas dos povos em conflito com o Estado nessa região.
O evento foi marcado por um forte espírito de unidade e convite à juventude Suruí assumir suas responsabilidades. “Os jovens precisam se preparar, se capacitar para assumir as funções. O que temos hoje nas aldeias é por que alguém buscou, lutou por isso. Só é lembrado quem é visto. Jovens, participem, falem, se apresentem”, disse Yrykwá Suruí.
A manutenção das tradições do povo Suruí-Aikewara também foi lembrada, como a preservação e a prática da língua-materna. A questão do território foi abordada, já que os Suruí estão em luta pela retomada de parte do território que foi retirada pelo Estado brasileiro. Para eles, a TI abrange a região da Santa Cruz, da Serra das Andorinhas, São João do Araguaia até parte de Marabá.
Aproveitando-se da presença das instituições de ensino básico, técnico e tecnológico e ensino superior, a oferta do ensino regular e os dilemas das políticas afirmativas foram pautados.
Muitos estudantes indígenas que frequentam esses espaços relataram as dificuldades e preconceitos sofridos. O uso das tecnologias, das mídias digitais e das emergências climáticas foram abordados no contexto da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30) em Belém no próximo ano.
Evento esse que reúne a cúpula dos países imperialistas e que vêm sendo denunciado por falta de participação da população da Amazônia e das suas demandas. Em contrapartida, está sendo articulada uma COP do povo.
A TI está situada nas proximidades do município de São Geraldo do Araguaia, no estado do Pará. Estiveram presentes Wkapé Suruí, Sekei Suruí, Sawarakomating, Mairá Suruí Filho, Yrykwá Suruí, Abias – caciques das Aldeias Tukapehy, Awussehé, Ipirahy, Sororó, Akamassyron e Yetá.
Estiveram presentes também professores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), do Instituto Federal do Pará (IFPA), da Universidade Estadual do Pará (UEPA), o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Rafael Martins da Silva, além de diversos movimentos e entidades populares, como: Instituto Zé Cláudio e Maria (IZM), Movimento dos Atingidos pela Mineração (MAM), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente em Defesa dos Territórios (FDT), a cacica Katia Silene da aldeia Akrãtikatejê e um cacique do povo Xikrin.
As atividades ocorreram com auto-organização e apoio das instituições parceiras, com alimentação garantida e muita atividade cultural. Foi encaminhada a organização do 2º Encontro da Juventude e do 3º Encontro das Mulheres, entre outras definições. Os participantes renderam homenagens à memória do cacique Tiremé Suruí, falecido em 16 de março de 2023.
