Em Marabá, sudeste do Pará, no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora foi palco de uma manifestação expressiva de mulheres que celebraram a aliança operária e camponesa.
O início da manifestação ocorreu no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) de Marabá, aonde a pauta da entrega da terra aos camponeses pobres foi levantada. As camponesas também denunciaram a paralisação completa da chamada reforma agrária.
As manifestantes saíram as ruas da cidade também para denunciar a calamidade em que está a saúde pública e outras mazelas. O caso especial trata-se do Hospital Materno Infantil de Marabá (HMI), local que vem ganhando notoriedade pelos diversos casos decorrentes de violência obstétrica. Tal situação, de acordo com as manifestantes é decorrente da política de privatização e terceirização dos hospitais públicos no qual as vidas das mulheres e recém-nascidos são transformadas em mercadoria. Em artigo para o jornal A Nova Democracia, a professora Fátima Silianski caracteriza esse fenômeno no serviço público como coronelismo pop.
Em caminhada pela Rodovia Transamazônica, o protesto parou em frente à Secretaria Municipal de Saúde para novamente exigir o cumprimento das pautas de reivindicações já realizadas anteriormente para melhoria da saúde pública. A parada foi marcada pela ocupação de mulheres com bonecas no colo e velas acesas simbolizando a alta mortalidade de recém nascidos. Em seguida, destinaram-se para o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e concluíram a manifestação no histórico bairro da Marabá Pioneira.
Um panfleto do grupo de mulheres na luta popular foi distribuído no ato. Lembrando da origem e significado classista data, o panfleto traz uma saudação “a Resistência Nacional Palestina, a luta e heroísmo de seu povo contra os covardes ataques, bombardeios e holocausto que já sofrem há décadas e que foram intensificados…”. Analisa ainda sobre a situação política nacional na cidade como as chacinas nas favelas e no campo, o surgimento de grupos armados como o “Invasão Zero”. Denuncia deterioração das mulheres trabalhadoras, relaciona o desemprego ou péssimas condições de trabalho deixam as mulheres vulneráveis a outras violências como as sexuais e domésticas. De acordo com trecho, “em Marabá 225 mulheres solicitaram medidas protetivas de urgência em 2023, números que demonstram um cenário alarmante.
Nos seis primeiros meses de 2023 foram registrados 720 pedidos de medidas protetivas. Essas ocorrências se elevaram em 69% de todas as solicitações feitas no ano de 2022. Marabá se configura num dos municípios que mais assiste ao crescimento da escalada de atos de agressividade contra o sexo feminino”
Morte de jovem traz revolta
No último dia 02 de fevereiro uma manifestação ocorreu em frente a Câmara dos Vereadores de Marabá. Prosseguiu para a Secretaria Municipal de Saúde e encerrou no Ministério Público do Pará (MPPA).
O caso que revoltou a cidade foi a morte de Tereza Bianca, de 23 anos em outubro de 2023, quando fora dar a luz ao seu segundo filho. A jovem teve seu intestino perfurado, conforme denuncia a mãe, por negligência médica. E este não é um caso isolado. O ato foi marcado pela presença de outras famílias fruto desse modus operandi violento do estado e negligência médica contra o povo pobre e preto.