PA: Mais quatro presos são mortos durante transferência entre masmorras do velho Estado

PA: Mais quatro presos são mortos durante transferência entre masmorras do velho Estado

Familiares dos presos sofrem com o desespero durante identificação dos corpos. Foto: Bruno Santos / AFP

Na noite do último dia 30 de julho, quatro detentos do Centro de Recuperação Regional de Altamira foram mortos enquanto eram transferidos para um presídio de Marabá dentro de um caminhão. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), os corpos foram descobertos na manhã de 31/07 com sinais de sufocamento.

Com estes quatro, subiu para 62 o número de mortos no massacre, que já é o maior ocorrido em presídios brasileiros desde o Carandiru, em 1992, quando 111 pessoas foram assassinadas. 

Os assassinatos contra os quatro detentos aconteceram no caminho entre as cidades de Novo Repartimento e Marabá, entre as 19h do dia 30/07 e 1h da madrugada de 31. Ao todo, 30 presos estavam sendo transferidos e outros os 26 presos remanescentes serão colocados em isolamento.

Segundo nota divulgada pelo governo estadual, “durante o transporte, [os detentos] estavam algemados, divididos em quatro celas. A capacidade das celas era para até quarenta presos, e trinta eram transportados. O Estado não possui caminhão com celas individuais”.

A Segup afirma que os mortos seriam do mesmo grupo delinquente e, inclusive, dividiam cela no Centro de Recuperação, o que torna improvável a tese de que os quatro teriam sido mortos pelos próprios detentos. A nota diz ainda que os agentes “não perceberam” o que ocorria. Há suspeitas de que os assassinatos tenham sido obra dos próprios agentes.

Caminhão que transfere os presos no Pará. Foto: Maycon Nunes / AG Pará

O sofrimento dos familiares: mau cheio atrai urubus

Oriundas das camadas mais pobres do proletariado, as famílias dos presos são as que mais sofrem com o completo descaso das “autoridades”.

Informações veiculadas ainda no dia 30, apontavam que os mortos estavam guardados de forma improvisada em um caminhão frigorífico debaixo de forte sol. Em meio a dificuldade de identificar as vítimas, muitos cadáveres foram se decompondo, o que ocasionou mau cheiro.

Este cheiro piorava a medida que os peritos abriam a porta do caminhão. Por volta do meio dia, o odor era tão forte que muitos familiares saíram do local e outros passaram mal. O forte cheiro chegou a atrair três urubus.

Masmorras do velho Estado

Como apontamos no texto publicado na página do jornal A Nova Democracia em 29/07, os massacres nos presídios brasileiros – verdadeiras masmorras de encarceramento de jovens pobres e negros – são resultados da política genocida do velho Estado.

Na ocasião, repercutimos trecho de uma entrevista com a socióloga e criminologista Drª Vera Malaguti Batista, na qual ela dizia: “No Brasil, todas as facções são produto das prisões. São as prisões que produzem as facções. Todas as lideranças das facções que hoje são as mais ‘temíveis’ entraram na facção por pequenos delitos e foram transformados em ‘grandes e terríveis’, como a imprensa os trata, pelo sistema prisional. Então nós estamos andando em círculos”.

Para ler o texto completo, acesse: Pará tem um dos maiores massacres de sua história em masmorra do velho Estado.

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