Pau D’Arco: Morte de camponesa é responsabilidade do velho Estado

Pau D’Arco: Morte de camponesa é responsabilidade do velho Estado

Dona Vera teve sete familiares assassinados covarde e brutalmente pelas forças de repressão do velho Estado na Chacina de Pau D’Arco. Foto de Ellan Lustosa / Jornal A Nova Democracia

A camponesa Verônica Pereira Milhomem faleceu na manhã de 5 de fevereiro, em Redenção (PA). Dona Vera, como era popularmente conhecida, teve sete familiares assassinados brutalmente pelo velho Estado na Chacina de Pau D’Arco em 24 de maio do ano passado. Dona Vera perdeu os seus dois filhos, dois irmãos, dois sobrinhos e uma cunhada.      

A camponesa de 54 anos de idade era diabética, fazia tratamento de hemodiálise devido a um problema renal e utilizava uma bolsa de colostomia. Com o assassinato bárbaro dos seus parentes e, em especial, dos dois filhos, o quadro de saúde físico e mental de Verônica Milhomem se deteriorou e se agravou, além de seu quadro financeiro, pois dependia dos familiares para sobreviver. Além disso, em 24 de setembro do ano passado Dona Vera teve uma de suas pernas amputadas por causa da diabetes.

A morte de Verônica Milhomem é de inteira responsabilidade do velho Estado que, além de ser o responsável direto pela bábara chacina, não prestou qualquer tipo de suporte a camponesa, que precisa de cuidados especiais e não tinha condições de trabalhar para se manter. Ela sobrevivia com o apoio de familiares, vizinhos e movimentos populares, democráticos e revolucionários, que chegaram a realizar uma campanha pública para ajudá-la financeiramente.

A reportagem de AND em sua ida a Pau D’Arco após a Chacina realizou entrevistas exclusivas com alguns familiares dos dez camponeses assassinados. Entre os entrevistados encontrava-se a Dona Vera, que muito abalada falou sobre o crime hediondo cometido pelas policias civil e militar.

− Os meus filhos não eram bandidos como estão falando na televisão, aliás, ninguém ali era bandido. Todos eram pessoas que estavam lutando por um pedaço de terra para sobreviver, para plantar, comer e viver. – explicou Verônica Milhomem.

A camponesa em tom de desabafo também falou da dor de perder os filhos Clebson Milhomem, de 32 anos, e Wedson Milhomem, de 28, e as dificuldades financeiras vividas devido à falta de qualquer assistência do velho Estado.

− Eu sou dependente dos meus filhos. Eu faço hemodiálise quatro vezes por semana, eu uso uma bolsa de colostomia e sou muito doente. Eu dependia dos meus filhos até para lavar a minha roupa, hoje não tenho mais. Covardemente fizeram essa tragédia com os meus filhos. − desabafou a camponesa.

Outros relatos dos camponeses sobre a Chacina de Pau D’Arco podem ser assistidos no documentário Terra e Sangue, produzido por AND.

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