No dia 12 de fevereiro, o professor Isac Tembé, 24 anos, do povo Tembé-Theneteraha, foi assassinado com tiro no peito por policiais militares (PM’s). Os agentes de repressão atuavam como paramilitares a serviço do latifúndio, na Terra Indígena (TI) Alto Rio Guama, localizada entre os municípios de Capitão Poço e Paragominas, no nordeste do Pará.
O jovem professor e liderança dos indígenas, saiu junto com um grupo no dia 12/01 para caçar depois de um dia de trabalho na casa que construía para sua família – esposa que está grávida de cinco meses e três filhos adotivos. Ele foi executado durante a noite com um tiro no peito depois de ser emboscado em uma ilha de mato.
O corpo de Isac foi retirado da cena do crime, não houve perícia no local e apenas após seu velório, que ocorreu no dia seguinte ao assassinato, seu corpo foi levado para perícia.
A Secretaria de Segurança Pública (Segup) do Pará confirmou que toda ação foi fruto de uma operação policial.
A Polícia Militar (PM) alega que houve troca de tiros, que havia um revólver calibre 38 no local e agiu em legítima defesa, porém o grupo que saiu com Isac afirma que estes estavam sem armas de fogo durante a caça. A suposta arma não foi apreendida pela PM.
Em nota pública emitida dia 14/02, o povo Tembé-Theneteraha denúncia: “A Polícia Militar assassinou duas vezes Isac Tembé: mataram seu corpo e tentam matar sua memória quando atacam a índole de nosso jovem guerreiro e liderança exemplar”.
De acordo com as denúncias feitas pelos indígenas, a PM age na região como bando paramilitar que protege as terras do latifúndio e invasores das terras indígenas.
A respeito das invasões pelo latifúndio à TI, segue em nota dizendo: “Nosso território sofre diariamente invasões e ataques por parte de exploradores ilegais de madeira ou de fazendeiros que insistem em manter a ocupação de partes da Terra Indígena Alto Rio Guama, através de cabeças de gado e de outras atividades econômicas”.
Por fim, concluem: “Exigimos resposta urgente pois não vamos nos calar e deixar que esse crime permaneça impune. […] Exigimos justiça! Punição dos assassinos e mandantes da morte de Isac Tembé!”
Segundo denúncia emitida pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), mortes de indígenas são parte do quadro nacional: “É oportuno lembrar que a morte de mais este jovem indígena soma-se às mortes de outros 16 jovens que vêm acontecendo no município de Capitão Poço desde 2019”.
Afirmam ainda que “Apesar de homologada e regularizada, a terra indígena tem mais da metade de seus 279 mil hectares ocupados ilegalmente por fazendeiros, situação que afeta diretamente o direito de usufruto do povo Tembé sobre seu território tradicional”.
Isac Tembé, professor e liderança indígena é assassinado com tiro no peito por PMs na TI Alto Rio Guama. Foto: Reprodução.