O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar de Conceição do Araguaia, Francisco Chagas, e o professor da Universidade Estadual do Pará, Sandoval Amparo, foram denunciados no dia 21 de janeiro pelo prefeito da cidade junto à polícia civil em um processo de perseguição política após denúncias feitas ao Portal Amazônia acerca das atividades da grande mineração no estado.
Desde o ano de 2010, famílias de camponeses de Projetos de Assentamentos (PAs) do município de Conceição do Araguaia, situado no sul do Pará, denunciam a perda territórios conquistados na luta pela terra nos últimos 40 anos e de problemas ambientais causados pela empresa mineradora Horizonte Minerals. Apesar das reclamações de mais de uma década, o prefeito e vereadores vêm depositando apoios irrestritos à grande mineradora e criando facilidades para implantação do empreendimento sem levar em consideração os grandes prejuízos que causarão às famílias de camponeses que vivem às proximidades da área a ser minerada.
Durante este período, professores da Universidade Estadual do Pará (UEPA) e movimentos populares promoveram muitas reuniões, debates e seminários como parte das mobiliuzações contra a implantação do empreendimento minerário.
Recentemente, a empresa Horizonte Minerals suspendeu as atividades de implantação do projeto alegando questões financeiras. A instituição de jornalismo Portal Amazônia publicou uma matéria sobre a questão. Várias pessoas da sociedade local foram entrevistadas, entres elas, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar de Conceição do Araguaia, Francisco Chagas.
O prefeito, segundo sua advogada, se sentiu ofendido com o que teria dito o sindicalista para a reportagem sobre possíveis relações entre administradores da empresa e o administrador público no que condiz às dificuldades financeiras da empresa. O prefeito teria também se incomodado pelo professor Sandoval Amparo, da UEPA, ter compartilhado nas redes sociais o “Por que a mineradora Horizonte Minerals deixou o Pará?”. Como desdobramento, tanto o professor quanto o sindicalista foram intimados a prestarem depoimento para esclarecimentos do que relatou a denunciante.
Se trata de uma situação autoritária e intimidatória de tentar calar todo e qualquer cidadão que se manifeste diante dos absurdos que grandes empresas, latifundiários e o velho Estado, em conluio, busquem impor contra os direitos legítimos do povo.