Quatro camponeses do acampamento Ouro Verde foram arbitrariamente presos por policiais civis da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (Deca), no dia 19 de janeiro. Dois camponeses tiveram prisão preventiva decretada e outros dois foram encarcerados com fiança de R$ 5 mil, segundo a advogada do povo, Lenir Correa.
Desesperada, uma das famílias camponesas pagou uma das fianças com seus poucos recursos, obtendo por enquanto, a liberdade de um dos presos no dia 19.
A advogada do povo já havia denunciado em dezembro de 2018 a campanha de intimidação que estava sendo feita contra os camponeses do acampamento Ouro Verde, no município Santana do Araguaia no Pará.
O grileiro Noé Justo é acusado pelos camponeses do Acampamento Ouro Verde de uma série de ameaças – ele disse, segundo os camponeses, que iria “expulsar todos na bala” e que tinha “comprado juiz, delegado e polícia” para realizar a reintegração de posse de uma propriedade, a qual ele não possui nenhum documento que comprove sua posse.
O Acampamento Ouro Verde é fruto de uma retomada ocorrida em 8 de janeiro de 2018. A área foi reocupada por mais de 120 famílias que lá viveram de 2007 a 2010 até ser cumprida reintegração de posse. Entretanto, essa reintegração ocorreu em glebas diferentes das quais os camponeses estão assentados e produzem bananas, laranjas, entre outros. As terras onde ocupam, afirmam os camponeses, eram até então improdutivas e por serem públicas podem sofrer processo de reforma agrária – desapropriação do latifundiário e entrega pelos camponeses –, processo que não avança pela conivência do Incra com os latifundiários.
As tentativas de intimidação e sabotagem de Noé Justo Oliveira não irão ter sucesso em sabotar a luta do povo e nem a luta daqueles que defendem o direito do povo de lutar pelos seus direitos, segundo os camponeses.
Acusação de ‘calúnia’
Com base em relatos de camponeses enviados por ela à nossa redação, nós já publicamos em nosso Portal a matéria PA: Latifúndio intimida e ameaça expulsar camponeses, cuja autoria é atribuída a ela pelo grileiro Noé Justo, acusando-a de “calunia com agravante”.
A advogada do povo, Lenir, foi informada das acusações de Noé Justo no dia 30 de janeiro de 2019, em visita à delegacia de polícia de Santana do Araguaia. Inclusive, a representante da Ordem dos Advogados do Pará que acompanhava a Lenir em Santana do Araguaia confirmou a periculosidade do grileiro Noé Justo e seus suspeitos laços com o prefeito de Redenção – denuncia praticamente igual a uma das bravatas proferidas por Noé Justo aos camponeses do acampamento Ouro Verde.