Manifestação na Pedreira. Foto: Reprodução
Na noite do dia 25 de abril, os trabalhadores da comunidade Pouso do Aracanga, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, realizaram um ato contra a execução de duas pessoas em uma intervenção policial ocorrida na comunidade.
Durante o ato, os trabalhadores decidiram interditar a BR 316 como forma de denunciar mais um abuso policial. Em resposta ao ato, a Polícia Militar (PM) lançou indiscriminadamente bombas de gás lacrimogêneo e de “efeito moral”, atingindo até mesmo outros trabalhadores que apenas passavam pelo local. Há relatos de que houve disparos com armas de fogo. Toda essa truculência acabou ocasionando tumulto, correria e a dispersão dos manifestantes.
Já na tarde do dia 28 de abril, os trabalhadores do bairro da Pedreira, em Belém, realizaram outro protesto na avenida Marquês de Herval, esquina com a travessa Antônio Baena também pela execução de duas pessoas em uma intervenção policial ocorrida no mesmo dia. A via foi interditada com barricadas de pneus, galhos e restos de madeira para denunciar mais esse abuso policial contra os trabalhadores.
Na tarde do dia seguinte (29), houve novo protesto com barricadas, desta vez com a interdição dos dois sentidos da avenida. Os trabalhadores denunciam que a PM entrou em uma vila de casas onde efetuou prisões, contudo, segundo relatos, após cerca de 20 minutos os policiais levaram de volta os jovens para o mesmo local e realizaram as execuções. No local foram encontrados cartuchos de escopeta e pistola.
Manifestação na Pedreira. Foto: Reprodução
Um trabalhador denuncia que o rapaz foi algemado e colocado na viatura, porém, após um breve momento, os militares voltaram, retiraram o rapaz da viatura e levaram o mesmo para execução. “Quando ele veio, veio com o rapaz de lá, aí pegou o rapaz aqui, deu – lhe um tapa na cara do Cristiano. Depois o cara ficou aqui dentro da viatura, cerca assim de uns 15 a 20 minutos, na mala da viatura. Depois a rotam tirou esse rapaz de dentro da viatura, entrou na alameda e aí começou a desgraceira.”, denunciou um morador.
Outra trabalhadora denuncia que os jovens foram executados sem chance de defesa. “Pegaram ele lá de dentro do camburão, trouxeram, ele algemado pra cá, depois chamaram o Lucas pra cá e começaram a atirar neles sem defesa. O Cristiano tava algemado já.”, afirmou.
Execuções como estas tem se tornado cada vez mais frequentes na Região Metropolitana de Belém, devido principalmente à intensa disputa de território entre narcotráfico e grupos paramilitares (chamadas erroneamente “milícias”) em alguns bairros, enquanto em outros, os mesmos já realizam uma associação devido a uma convergência de fatores.