O candidato à prefeitura de São Paulo (SP), Pablo Marçal (PRTB) fez um verdadeiro espetáculo após ser atingido por uma cadeira por Datena, candidato pelo PSDB, no debate ao vivo na TV Cultura no dia 15 de setembro. De primeira, Marçal falou que estava bem, mas depois decidiu ir ao hospital e chegou até a pedir oxigênio no caminho.
O golpe foi dado durante uma fala de Marçal destinada a provocar Datena. Dentre as provocações, o candidato do PRTB disse que o concorrente não teria coragem de lhe dar um tapa, como ameaçado em debate anterior.
No final da fala, Datena surge no quadro da câmera e encaixa um golpe trabalhado com a pequena banqueta. Marçal reage surpreso e consegue colocar o braço na frente. O mediador arregala os olhos, sai correndo do púlpito, volta para pedir ajuda da produção e corre mais uma vez. Daí, tudo vira uma zona, com a mobilização de seguranças e outros candidatos para ajudar.
Marçal chegou a pensar em voltar para o debate, mas acabou desistindo para ir ao hospital. Nas redes sociais, divulgou um vídeo da ambulância em alta velocidade, com seus assistentes pedindo passagem e ele próprio deitado na cama, como um paciente no leito de morte, para encenar um suposto herói ferido.
No hospital, os médicos não acreditaram, e deram a ele uma pulseirinha verde para acalmar os ânimos.
A principal pergunta agora é quem vai se beneficiar do caso. Alguns dizem que Marçal pode usar a cadeirada para tentar se erguer. É possível, mas difícil. Todo o espetáculo montado em torno da cadeirada pode neutralizar o pouco que Marçal poderia angariar. Afinal, uma cadeira não é uma faca e nem tiro de sniper, para uma personalidade da extrema-direita se elevar.
Além disso, a estratégia de Datena, de falar que não se arrependeu e persistir no debate, indica que seus marketeiros estão calculando que a reação geral à cadeirada foi mais positiva do que negativa. Marçal, e não Datena, pode sair como quem exagerou nas provocações, e por isso recebeu uma pancada justificada.
Nas redes sociais, muitos já chamam Marçal, que vende cursos de coach chamado de “Antifrágil”, de “arregão”, por ter abandonado o debate após uma cadeirada e ter chamado Datena para a briga, mas não ter aguentado o tranco.
Uma enquete rápida e informal do jornalista Pedro Barciela, no Blue Sky, feita a partir de 37,5 mil comentários recolhidos nas primeiras horas da manhã do dia 16/9, mostrou que 35% apoiam Datena, 25% debocham do debate e tem como preferido a “cadeira”, 20% criticam Marçal e apenas 15% apoiam o provocador.
Paralelamente a tudo isso, outro aspecto que se escancara é o nível absolutamente baixo da farsa eleitoral nessa democracia burguesa em crise de decomposição.
Sem um debate político sério há anos, os debates agora viraram palco para briga de mimados.
Mesmo nos monopólios de imprensa, colunistas como Leonardo Sakamoto admitem que “a população de São Paulo está vivendo a eleição municipal com mais baixo nível desde a redemocratização”.