Pacote antiprotesto: Argentina ameaça cancelar benefícios de manifestantes que bloquearem vias

Governo argentino quer cancelar benefícios sociais de manifestantes que participarem de protestos com bloqueios.
Governo argentino quer cancelar benefícios sociais de manifestantes que participarem de protestos com bloqueios. Foto: Ministerio de Capital Humano

Pacote antiprotesto: Argentina ameaça cancelar benefícios de manifestantes que bloquearem vias

Governo argentino quer cancelar benefícios sociais de manifestantes que participarem de protestos com bloqueios.

Após o discurso de posse do presidente fanfarrão Javier Milei no dia 10 dezembro, em Buenos Aires e o anúncio da Secretária de Segurança Pública da Argentina, Patricia Bullrich, em 14 de dezembro onde  sancionou o “protocolo para a manutenção da ordem”, agora foi a vez da atual Ministra do Capital Humano, Sandra Petovello, de aprofundar a criminalização dos protestos populares com a ameaça de cancelamento dos benefícios dos manifestantes que bloquearem vias.

Sandra Pettovello, em um comunicado oficial disse: “ A missão do presidente Milei e de todo o governo é defender as mães, os filhos e as famílias, que necessitam de assistência nesse momento difícil que vive nosso país. Para os próximos dias, organizações de piquetes convocaram uma marcha em protesto [refere-se ela sobre uma manifestação convocada por organizações populares para o dia 20 de dezembro]. Queremos pontuar que se é um direito se manifestar, também é respeitar o direito das pessoas de circular livremente para se dirigir ao trabalho. Por isso informamos que todos aqueles que promoverem, instigarem, organizarem e/ou participarem dos bloqueios, perderão todo o tipo de comunicação com o Ministério de Capital Humano’’.

E continua “nos preocupam especialmente as mães que frequentam as marchas com seus filhos. É desnecessário os expor ao calor e a violência das manifestações. Essa situação na nova Argentina tem que terminar. Para ser bem clara, os únicos que não vão receber os benefícios são os que vão para a marcha e participem dos bloqueios. Como diz o presidente: ‘Quem bloqueia, não recebe’(sic).” 

A medida é continuidade do projeto antiprotestos de Patricia Bullrich e Milei, que buscam restringir ao máximo as manifestações com a imposição de punições como multas e apreensões de veículos aos que participarem dos protestos.

É um absurdo notável. O novo governo reacionário argentino busca, em suma, proibir e restringir ao máximo as manifestações e protestos populares no país, afetando principalmente as massas mais pobres, ao mesmo tempo mais vulneráveis às multas e cortes de benefícios, mas também, por sua condição econômica, mais rebeladas, e que apresentam grande potencial de radicalização dos protestos no país. A verdade é que não há manifestação sem bloqueio. Os piquetes e interrupções de via são táticas generalizadas em qualquer protesto no mundo.

Tão absurdo quanto o cancelamento dos benefícios é a tentativa do governo de mascarar sua criminalização com a demagogia de “cuidado com as crianças”, quando a participação dos infantes e jovens em protestos é, também, algo normal em qualquer país, é essencial para a politização e desenvolvimento social pleno do ser humano.

Justamente por ser um absurdo, o governo tem falhado em barrar a mobilização popular por meio da criminalização, repressão e divisão das massas. O povo Argentino continua sua história de luta, e decidiu manter marcada a marcha para o dia 20 de dezembro (quarta-feira), às 16h, na Praça de Maio, principal praça de Buenos Aires.

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