Manifestantes libaneses escalam o muro que separa o Líbano de Israel, durante um protesto em Al-Odaisseh, 15/05/2021. Foto: EPA
No dia 17 de maio, as forças armadas israelenses declararam ter realizado ataques contra o Líbano. Segundo fontes do monopólio de imprensa, teriam chegado a 22 o número de projéteis disparados pela potência ocupante sionista. A ação seria em resposta a seis projéteis que foram disparados do Líbano em direção ao norte de Israel.
No dia 13/05, pelo menos três foguetes foram disparados contra Israel a partir do campo de refugiados palestinos de Rashidiyeh, no sul do Líbano, próximo à fronteira israelense. O monopólio de imprensa israelense Kann News noticiou que colonos israelenses notificaram terem ouvido explosões, apesar do exército genocida sionista afirmar que os projéteis teriam caído no mar Mediterrâneo.
Na noite do dia seguinte, 14/05, outros três foguetes foram disparados da Síria contra Israel, após um homem libanês ter sido morto pelo exército genocida israelense. Segundo informações dos militares sionistas, dois foguetes caíram nas Colinas de Golã, território sírio ocupado por Israel desde 1967, onde hoje moram várias famílias de colonos israelenses, em assentamentos ilegais.
Ainda em 14/05, manifestantes libaneses se reuniram no sul do país perto da fronteira com Israel e atacaram os muros que dividem os territórios. Um libanês foi baleado e morto por tropas sionistas, e pelo menos outros dois foram alvejados, depois que um grupo de manifestantes tentou cruzar a cerca que separa o Líbano da Palestina ocupada. Tentando fazer o protesto recuar, tanques israelenses dispararam tiros contra o grupo.
No dia 15/05, em resposta ao assassinato do manifestante libanês no dia anterior, multidões foram até a fronteira com Israel e escalaram a barricada de concreto e as cercas de metal que separam os dos territórios. Os manifestantes atiraram coquetéis molotov contra o lado israelense do muro e erguiam bandeiras da Palestina, do Hezbollah e do Irã. Os militares israelenses dispararam gás lacrimogêneo e tiros de “alerta” contra os manifestantes.
“Gaza é um massacre. Mas isso aqui também é uma linha de frente. Estou a vinte metros de Israel. Eu sou a revolução em Gaza. Eu sou a revolução em Sheikh Jarrah”, declarou Abu Ali, palestino de 33 anos que vive no campo de refugiados de Ain Al-Hilweh, no Líbano, e participou do protesto no dia 15, à agência libanesa National News. “Se eles atirarem em mim do topo, talvez eu caia em solo palestino”, brinca ele ao jornalista antes de atirar lama contra uma torre de vigilância israelense.
Em 16/05, pelo terceiro dia consecutivo, refugiados palestinos e civis libaneses se locomoveram novamente até a fronteira com Israel, agitando bandeiras palestinas com orgulho, e enfrentaram as forças do velho Estado libanês e as mal-chamadas “tropas da paz” da Força Provisória das Nações Unidas no Líbano (Unifil), destacadas para não deixar as massas atravessaram a fronteira.
Apesar da forte presença militar, cerca de 30 jovens se esforçaram para derrubar a cerca de metal e uma porta no muro, enquanto outros se revezaram para puxar uma corda amarrada à parede para hastear as bandeiras palestinas e do Hezbollah, movimento xiita libanês próximo ao Irã. Paralelamente, cerca de 100 manifestantes assistiam à cena de uma colina próxima e celebravam a investida dos jovens, ao passo que soldados israelenses atiravam para o ar com balas de aço revestidas de borracha, tentando dispersar o protesto, sem êxito.
Manifestantes na Jordânia protestam em solidariedade à Palestina em Karameh, na fronteira com Israel, 14/05/2021. Foto: AFP
‘ABRAM AS FRONTEIRAS!’
No dia 14/05, mais de 3 mil pessoas marcharam na Jordânia até a fronteira com o território palestino da Cisjordânia ocupada, entoando Estamos indo para Jerusalém, somos mártires aos milhões!, e exigindo a abertura das fronteiras.
A cidade onde ocorreu o protesto, Karameh, foi palco de uma grande batalha entre combatentes palestinos e soldados jordanianos contra as tropas israelenses em 1968, e é um símbolo no mundo árabe.
Em um movimento histórico, os manifestantes – civis desarmados, muitos deles refugiados e imigrantes palestinos – enfrentaram as forças jordanianas apoiadas pelo Estados Unidos (USA), que impediam a passagem da fronteira, cortaram a cerca que separa a Palestina ocupada da Jordânia e marcharam sobre o vale do rio Jordão, território ocupado por Israel. Segundo o monopólio de imprensa Reuters, eles teriam entrado por meio de uma fazenda particular em Al Shuna.
Segundo relatos de testemunhas, os agentes da repressão utilizaram gás lacrimogêneo para tentar dispersar cerca de 500 manifestantes que haviam “desviado” da rota programada de um protesto e atravessado a área de fronteira. Um vídeo publicado na internet mostra centenas de manifestantes correndo em direção à ponte Rei Hussein, que conecta Karameh à cidade de Jericó, na Cisjordânia ocupada.
Ainda no dia 14/05, milhares de manifestantes também tomaram as ruas de Amã, capital da Jordânia, entoando palavras de ordem como O povo quer a libertação da Palestina! e carregando centenas de bandeiras palestinas. Além de rechaçar os ataques israelenses, eles também exigiam a expulsão do embaixador israelense na Jordânia e o cancelamento de um tratado de paz firmado com Israel. Várias pessoas carregavam cartazes que diziam Expulse o embaixador [israelense] e feche a embaixada!.
Cerca de metade da população da Jordânia é de origem palestina, incluindo os cerca de 2,2 milhões de refugiados palestinos registrados, enquanto no Líbano vivem, hoje, cerca de 300 mil refugiados palestinos – em muitos casos, de famílias exiladas em 1948. Por isso, o apoio à causa palestina é muito alto em ambos os países, em especial nos campos de refugiados, tão grandes que se parecem com bairros ou até cidades.
Manifestantes iraquianos protestam em Bagdá no dia da Nakba, 15/05/2021. Foto: Al-Rubaye / AFP
MAIS PROTESTOS SÃO REGISTRADOS NA VIZINHANÇA EM APOIO À PALESTINA
No dia 15/05, enormes massas do povo iraquiano foram às ruas em diversas cidades do Iraque, para denunciar os crimes da ocupação israelense, principalmente os bombardeios contra a Faixa de Gaza, que já duram mais de uma semana. Foram registrados protestos em Bagdá, capital do país, e nas províncias da Babilônia, Dhi Qar, Diwanieh e Basra. Os milhares de manifestantes entoavam Morte a Israel, morte à América! e atearam fogo a bandeiras israelenses e do imperialismo ianque.
No dia 16/05, cerca de 300 pessoas, incluindo civis sírios e refugiados palestinos, protestaram em Damasco, capital da Síria, contra a ofensiva israelense na Faixa de Gaza e nos territórios ocupados. Os manifestantes denunciavam os bombardeios sionistas com a palavra de ordem Gaza está sangrando!, e agitavam bandeiras da Palestina e da Síria.
O jovem Samir Asadi, que esteve presente na manifestação em Damasco, disse ao monopólio de imprensa chinês Xinhua: “Eu sou um refugiado palestino de terceira geração na Síria e um refugiado ainda é meu status legal, mas até quando? (…) É meu direito e o direito dos palestinos na diáspora ter seu Estado, viver em paz e se orgulhar de sua nacionalidade. Mas, infelizmente, os israelenses querem expulsar mais palestinos”.
Manifestantes no Iraque ateiam fogo a uma bandeira israelense, em Bagdá, 15/05/2021. Foto: Khalid al-Mousily/Reuters