Fumaça e chamas são visíveis após um ataque aéreo israelense contra o sul da Faixa de Gaza, em 16 de setembro de 2020. Foto: Reuters
Durante a madrugada do dia 16 de setembro, Israel realizou uma série de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, atingindo pelo menos 10 pontos do território palestino que vive sob cerco há 13 anos. Esses ataques ocorreram logo depois do sionismo ter assinado acordos propostos pelo Estados Unidos (USA) com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, fato considerado uma traição destes últimos à luta da Palestina e que ajudam a pressionar os palestinos a abandonar a resistência.
De acordo com a agência de notícias palestina Wafa, os aviões de guerra israelenses dispararam mísseis contra Beit Lahiya, no norte de Gaza, áreas em Deir al-Balah, uma cidade no centro de Gaza, e em Khan Younis, no sul de Gaza, causando danos à propriedade e trazendo pânico aos moradores.
Em resposta aos acordos, a Resistência palestina na Faixa de Gaza disparou uma sequência de foguetes contra Israel, e um deles atingiu a cidade de Ashdod, no sul do território ocupado pelo sionismo. As Brigadas Al Quds, que compõem o grupo palestino Jihad Islâmica, assumiram a responsabilidade pelos foguetes, comunicando em nota que sua ação foi uma resposta à agressão israelense.
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O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que governa o território palestino costeiro, também fez um alerta para Israel de uma escalada militar depois que seus aviões de guerra bombardearam a Faixa de Gaza: “A ocupação [sionismo de Israel] pagará o preço por qualquer agressão contra nosso povo ou locais de resistência e a resposta será direta. Vamos aumentar e expandir nossa resposta na medida em que a ocupação persista em sua agressão”.
ACORDO COINCIDE COM DATA DE MASSACRE DE PALESTINOS
A assinatura do acordo de Israel com os países árabes lacaios do imperialismo ianque ocorreu pouco antes do 38º aniversário do massacre de Sabra e Shatila, no qual estima-se que 3,5 mil refugiados palestinos foram assassinados no Líbano com o apoio e cumplicidade das tropas israelenses, em 16 de setembro de 1982.
O massacre histórico aconteceu no bairro de Sabra e no campo de refugiados adjacente, chamado Shatila, durante a invasão e ocupação do sul do Líbano por forças israelenses. Um dia antes, o exército genocida de Israel cercou o campo de refugiados de Shatila e o bairro de Sabra, no oeste de Beirute, e no dia seguinte os soldados sionistas permitiram que aproximadamente 150 membros do Partido Falange, de extrema-direita, entrassem e cometessem, no decorrer de um dia e meio, uma série de atrocidades indescritíveis contra os civis palestinos.
Estupros, mutilações e execuções foram cometidos contra as mulheres, crianças e idosos que lá residiam, tudo com o consentimento do ministro de Defesa israelense da época, Ariel Sharon, cujo objetivo era destruir a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e instalar no Líbano um governo fantoche liderado pelos falangistas, um grupo fundamentalista de cristãos maronitas.
Durante o massacre, as forças israelenses que estavam do lado de fora do local dispararam sinalizadores no céu para iluminar a escuridão para os falangistas, e no segundo dia do ataque ainda permitiram que reforços entrassem na área e forneceram escavadeiras para retirar e esconder os cadáveres das vítimas. Até hoje Israel segue sem punição por esse crime de guerra, que soma-se à lista de impunidades israelenses de ataques contra o povo palestino.
Cadáveres do massacre de Sabra e Shatila, em 1982, no qual estima-se que entre 3 a 3,5 mil refugiados palestinos foram assassinados com apoio e cumplicidade das forças israelenses. Foto: Palestinian Media Watch / Institute for Palestine Studies