Palestina: Protesto apoia preso político em situação crítica após greve de fome de quase 80 dias

Palestina: Protesto apoia preso político em situação crítica após greve de fome de quase 80 dias

Manifestantes erguem fotos de Maher al-Akhras, preso político palestino em greve de fome, durante uma manifestação de solidariedade na Palestina. Foto: Mohammed Salem / Reuters

No dia 12 de outubro, dezenas de palestinos se reuniram na cidade ocupada de Ramallah, na Cisjordânia, para apoiar o preso político Maher al-Akhras, que está em greve de fome há quase 80 dias. O senhor de 49 anos e pai de seis filhos está sem se alimentar em protesto contra sua “detenção administrativa” em uma prisão israelense desde que foi preso por forças da ocupação no início de agosto de 2020, acusado de ter ligações com a Jihad Islâmica, grupo que compõe o campo da Resistência Nacional. 

“Nosso povo não vai decepcionar Maher al-Akhras”, disse Khader Adnan ao grupo de direitos humanos B’Tselem, que esteve presente na manifestação e também já realizou várias greves de fome quando esteve preso nas masmorras de Israel.

Em uma audiência do Supremo Tribunal de Justiça israelense, o representante colonial concordou em não prorrogar a ordem de detenção administrativa, prevista para acabar no dia 26 de novembro, em troca do fim da greve de fome de Akhras. O palestino, mantendo-se firme à sua posição, rejeitou a oferta e anunciou que só encerrará a greve após a sua libertação. 

Segundo nota do B’Tselem publicada no dia 12/10, apesar da situação de Maher, que se encontra à beira da morte, Israel se recusa a liberá-lo. No início de setembro, Al-Akhras foi transferido para o Kaplan Medical Center, ao sul de Tel Aviv. 

Al-Akhras está protestando contra o uso do dispositivo de detenção administrativa por Israel como mais uma forma de opressão contra o povo palestino. Trata-se de uma medida herdada da época do mandato britânico que permite que o regime de ocupação detenha pessoas não condenadas por tempo indeterminado, apenas por serem consideradas “suspeitas”. 

Em 23/09, os juízes do caso afirmaram que estavam “satisfeitos” com os motivos apresentados pelas “autoridades” israelenses e que entendiam que a detenção administrativa de Akhras era “totalmente justificada”. Eles acrescentaram, entretanto, que devido ao seu estado, al-Akhras não representaria mais uma ameaça e, portanto, o “propósito preventivo” da detenção teria deixado de existir. No entanto, mesmo assim os juízes ordenaram “suspensão” da ordem de detenção administrativa, que significa não chegar a uma decisão sobre ela e deixá-la sem resolução.

Segundo nota do B’Tselem, Maher Al-Akhras está à beira da morte, após quase 80 dias em greve de fome. Foto: B’Tselem

A LUTA PALESTINA CONTRA O DISPOSITIVO DE ‘DETENÇÃO ADMINISTRATIVA’

Um levantamento realizado pelo B’Tselem evidenciou que, no final de agosto de 2020, Israel mantinha 355 palestinos em detenção administrativa nas suas prisões, incluindo dois menores de idade. Durante a Segunda Intifada, grande levantamento palestino que ocorreu no início da década de 2000, Israel manteve mais de mil palestinos em detenção administrativa ao mesmo tempo.

Em uma fala importante de Qadura Fares, de um grupo de prisioneiros palestinos, declarou sobre o caso de Akhras: “A detenção administrativa é um crime e deve acabar. Consideramos Israel totalmente responsável por sua vida e pedimos sua libertação imediata”.

Na Cisjordânia ocupada por Israel, a detenção administrativa é executada de acordo com a Ordem referente às Disposições de Segurança, que autoriza o comandante militar regional (representante colonial) a colocar indivíduos em detenção administrativa por até seis meses de cada vez, se tiver “motivos razoáveis ​​para acreditar que as razões de a segurança ou a segurança pública exigem que determinada pessoa seja mantida detida”.

Se, antes do término da ordem, o comandante militar tiver “motivos razoáveis ​​para acreditar” que essas razões se mantêm, ele pode prorrogar a ordem por mais seis meses “de tempos em tempos”, indefinidamente. 

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: