Palestinos protestam em Hebron. Foto: Mussa Qawasma/Reuters
No dia 5 de junho, centenas de palestinos protestaram em Hebron, Cisjordânia, contra a alta nos preços de itens alimentícios e energia na região. Os manifestantes acamparam no centro de Hebron, onde bloquearam as ruas com caminhões e exigiram que medidas fossem tomadas para a redução nos preços de itens básicos. Ao menos 11 pessoas foram detidas por várias horas durante os protestos.
“Nós exortamos que o governo intervenha para pôr um fim a este crescimento ensandecido dos preços. Se o governo não tiver capacidade ou vontade de intervir, nós exigiremos sua saída”, afirmou Rami Al-Jnaidi, ao monopólio de imprensa Reuters. Os manifestantes demandam que os impostos sobre itens básicos sejam reduzidos, como foi feito com o trigo.
As massas da Palestina têm sofrido uma constante piora nas condições de vida, que se intensificou com o aumento dos preços das commodities após o início da guerra da Ucrânia. Desde março, a inflação no país subiu em 30%. Essa miséria crescente do povo palestino é resultado tanto da crise geral sem precedentes do imperialismo, bem como das políticas colonialistas de Israel e da falência da gerência oportunista da Autoridade Palestina (AP), grupo que exerce uma administração limitada sobre a Palestina.
O imperialismo sionista
O Estado sionista de Israel mantém uma política colonialista em relação à Palestina. Faz parte dessa política a ocupação de territórios palestinos, com construção de verdadeiros campos de concentração para o povo palestino nesses territórios, além do assassinato de milhares de palestinos e medidas econômicas que intensificam a miséria do povo.
Dentre as medidas econômicas colonialistas de Israel fascista, está a coleta mensal de impostos dos palestinos, que compõem uma receita de em torno de 900 milhões de shekels (em torno de R$ 1,3 bilhões). Esses impostos, por sua vez, correspondem a metade da renda da AP.
Desde 2018, uma lei permite que o Estado sionista de Israel calcule o quanto que a AP gastou, do seu orçamento, com o pagamento de “militantes” (a AP emprega em torno de 150 mil pessoas no território palestino da Cisjordânia e de Gaza) e deduza tal valor dos impostos coletados das massas palestinas. Em julho de 2021, Israel fascista reteve 180 milhões de dólares (em torno de R$ 884,8 milhões) coletados dos palestinos ao longo do ano de 2020. Mais recentemente, Shukri Bishara, Ministro das Finanças palestino, afirmou que Israel está retendo 500 milhões de dólares da receita tributária, o que equivale a R$ 2,4 bilhões.
Essa medida possibilita a transferência direta da renda de milhares de palestinos diretamente ao Estado sionista de Israel.
A oportunista “Autoridade Palestina”
A AP é um grupo fundado em 1994, durante os Acordos de Oslo (1993-1995), quando o Estado fascista de Israel e a conciliadora Organização para Libertação da Palestina (OLP), então encabeçada por Yasser Arafat se “comprometaram” a encerrar os conflitos na região e promover a “paz entre os dois povos”. Contudo, como evidencia as agressões, ocupações e carnificinas perpetradas por Israel fascista mesmo após os acordos, o “comprometimento com a paz” não passou de palavrório, significando na verdade a continuidade da política colonialista genocida de Israel fascista contra o povo palestino.
Enquanto Israel fascista segue com a mesma política colonial que aplicava antes dos acordos, a AP busca forçosamente convencer o povo palestino do falido caminho da “diplomacia internacional”. Para isso, reprime deliberadamente a justa rebelião popular na Palestina, com o encarceramento deliberado de jovens que se recusam a seguir o caminho pacífico contra os massacres de Israel sionista. Por 16 anos, a Autoridade Palestina não convoca eleições parlamentares e presidenciais na Palestina, temerosa de perder suas posições para grupos que, por suas ações de resistência, contam com maior apoio popular, como o Hamas.
Entre as políticas imperialistas de Israel e o oportunismo da AP, são as massas que ficam à mercê da crescente miséria decorrente da crise geral sem precedentes do imperialismo. As mobilizações dessas massas, por sua vez, mostram que a rebelião popular segue implacável, não cedendo nem ao imperialismo, nem ao oportunismo.