Membros das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço armado do Hamas, exibem um exemplar dos foguetes Qassam durante desfile do grupo
Durante a última escalada bélica no conflito entre Israel e a Resistência Nacional palestina, ocorrida no fim da primeira quinzena de novembro, ao menos 400 foguetes, morteiros e mísseis foram lançados pelo Hamas (principal expoente da Resistência) em resposta à invasão fracassada propiciada por tropas sionistas ao sul de Gaza. Os altos números de disparos já indicavam, por si, um aumento no potencial de resposta da Resistência, levando em consideração as contraofensivas em enfrentamentos anteriores; mas é um número baixo que pode representar uma dor de cabeça ainda maior para Israel: o de disparos que foram interceptados.
Um levantamento feito pelas próprias forças militares israelenses estipulou que apenas 20% do total de disparos vindos de Gaza na última semana até os territórios ocupados por Israel foram bloqueados pelo Domo de Ferro (sistema de defesa antiaérea criado em 2011 com a promessa de anular o revide das forças palestinas), que teria capacidade para interceptar projéteis vindos de 4 a 70 km, sendo propagandeado como um dos “mais modernos do mundo” contra foguetes táticos.
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Contraditoriamente, os foguetes Qassam palestinos, artefato mais numeroso entre os 400 disparos, são considerados no meio dos “especialistas” internacionais em conflitos um dos mais básicos e combatíveis possíveis. Feitos de forma caseira, os foguetes são fabricados a partir de um cano com uma ogiva e um sistema simples de propulsão que, a princípio, não ultrapassa os 30 km. Em 2014, durante a “última” campanha oficial de guerra de Israel contra Gaza, o monopólio de imprensa inglês The Guardian, por meio de um editorial especial com um de seus “especialistas”, chegou a classificar os foguetes como “fogos de artifício inúteis modernizados”.
Tigre de papel
Ônibus militar israelense atingido por míssil palestino na última semana
Em publicação online, a revista analítica de guerras Militar Watch relembrou que o sistema do Domo de Ferro seria exportado para a Arábia Saudita em breve, tendo em vista um outro fracasso de defesa proporcionado pelo sistema Patriot (criado pelo USA), que já havia se mostrado incapaz de resistir às ofensivas contra o reinado saudita em diversas oportunidades. Em seu texto, a revista destaca que uma proporção de 80% de penetração por parte dos Qassam contra o Domo “expõe fraquezas chaves na defesa de Israel, que podem ser exploradas por outros países”.
A publicação ainda classificou o episódio como “mau presságio para a segurança de Israel, de modo especial para conflitos futuros com o Hamas”, principalmente considerando seus “avanços estratégicos e a colaboração do Hezbollah com artefatos cada vez mais potentes”.