Agência do bairro Cairo Amman, em Jericó, na Cisjordânia ocupada pelo colonialismo israelense. Foto: Mohamad Torokman/Reuters
Filiais do banco Cairo Amman, em Jericó e Jenin, na Cisjordânia ocupada por Israel, foram atacadas e destruídas por coquetéis molotov e objetos incendiados atirados por palestinos revoltados no dia 8 de maio. A agência Quds Press noticiou que a revolta se deu após uma ordem militar de Israel proibir os bancos nos territórios ocupados de processarem pagamentos destinados às famílias de palestinos presos pelas forças da ocupação
A decisão também ameaça prender os funcionários dos bancos que se recusarem a cumprir a ordem, e levou pelo menos três instituições a fecharem três contas bancárias arbitrariamente.
Como produto da indignação dos palestinos, uma filial do banco Cairo Amman em Jenin foi alvejado com tiros, e outro em Jericó foi incendiada por um coquetel molotov
Em frente à filial de Ramallah, placas foram posicionadas fora das instituições bancárias exigindo o fim da medida. Uma delas dizia: “Jerusalém está entre o Cairo e Amã. Para Jerusalém, os prisioneiros da liberdade sacrificaram suas vidas nas trevas das prisões”, em uma referência ao nome do banco sediado na Jordânia
Israel historicamente tenta criar formas de obstruir ou impedir o recebimento de subsídios pelas famílias dos milhares de palestinos que foram presos pelo colonialismo sionista. Subsídios esses igualmente negados aos palestinos que tiveram membros de suas famílias assassinados pelo Estado de Israel ou mortos na luta contra a ocupação sionista.
Movimentos de luta palestinos emitiram declaração conjunta, na qual esclareceram: “Destacamos que as autoridades da ocupação israelense usam o pretexto de cuidarmos das famílias de prisioneiros e mártires como ferramenta para impor seus arbítrios.”.
O site Monitor do Oriente Médio relembra que esses fundos são defendidos pelos palestinos como uma forma de garantir “um bem-estar vital que compensa um sistema de justiça militar injusto, fornece renda às famílias que perderam seus principais ganhadores de pão e permite que prisioneiros libertados sejam reintegrados à sociedade”.
A declaração conjunta também aponta que “Israel pretende conquistar dois objetivos com tal medida: estigmatizar a resistência palestina como suposta forma de terrorismo e reafirmar sua soberania sobre terras palestinas ocupadas.”.
Uma matéria sobre o assunto publicada pelo monopólio de imprensa The New York Times trouxe o depoimento de um palestino pai de seis filhos, Jabreel, que passou 10 anos encarcerado pelo Estado sionista de Israel por participar de manifestações de denúncia contra a invasão israelense à gaza. Em entrevista, o pai de família, que teve seu pagamento suspenso por causa da ordem militar, desabafa: — Eu já paguei um preço. Por que Israel está sempre procurando outra maneira de nos fazer pagar de novo?
Em outra tentativa de suprimir esse apoio financeiro às famílias palestinas lutadoras, Israel começou a aplicar uma lei que permitia reter impostos coletados sobre os palestinos nos territórios ocupados, no início de 2019, tarifas estas que somaram, no decorrer de apenas um ano, cerca de 140 milhões de dólares usurpados dos bolsos de famílias palestinas.