Essa guerra do regime sionista não é contra o Hamas, mas contra todos os palestinos, em todos os lugares do mundo, principalmente contra a Palestina.
No início do século XX, com a chegada dos primeiros colonos sionistas na Palestina, eles levantaram um slogan: “Terra sem Povo”. Eles sabiam muito bem que a Palestina era a pátria-terra dos palestinos desde tempos imemoriais.
Palestina era habitada por palestinos há milhares de anos, antes dos primeiros sionistas pensarem em colonizar a Palestina.
O sionismo, como todos os movimentos colonialistas do mundo, desprezava a existência dos nativos, os verdadeiros donos da terra e da História.
Apenas quando o povo palestino começou a resistir ao projeto colonial sionista, os palestinos começaram a ser visualizados pelo movimento sionista. Eram apenas um obstáculo a ser removido, com limpeza étnica e genocídio.
Antes da criação do Estado judeu, a máquina militar sionista começou a trabalhar. Haganah, uma organização terrorista e braço armado do movimento sionista, junto com outros grupos judeus terroristas começaram a limpeza étnica dos palestinos. Nos anos 30, iniciaram a matança de civis palestinos (na época, todos os palestinos eram civis) e ocuparam suas terras.
Em 1948, com a criação de Israel, cometeram dezenas de massacres contra os palestinos. Os historiadores israelenses relatam 55 grandes massacres perpetrados pelos terroristas judeus contra os civis palestinos e como resultado, mais de 750 mil palestinos foram expulsos da sua terra e 540 cidades e aldeias palestinas foram destruídas. Palestina deixou de existir no mapa oficial do mundo, mas não na História e na alma dos palestinos.
Um dos líderes sionistas sonhou: “os velhos morrerão e os novos vão esquecer”. Grande engano e o devaneio se tornou o pesadelo de Israel. São os palestinos da 4ª geração em Gaza que humilharam o arrogante maior exército do Oriente Médio. Foram os palestinos, paupérrimos, famintos, perseguidos e esquecidos pelo mundo que colocaram novamente a Palestina na agenda mundial e na consciência de todos os que amam Justiça e Liberdade.
Israel alega que apenas está atacando Hamas. Como todos os colonialistas, Israel é filho da mentira e eles são mentirosos incuráveis.
Nos anos 70 e 80, não existia Hamas. Mas Israel atacava palestinos e sua resistência. Chegaram até Beirute e Tunísia, para destruir os palestinos. A maioria das facções da OLP são laicos e de tendência esquerdistas, mas mesmo assim era considerados terroristas.
Nos anos 50, era Nasser considerado pelos sionistas “Hitler” dos árabes e amanhã será qualquer outro grupo palestino que luta contra o regime de ocupação e apartheid de Israel.
A máquina de propaganda sionista afirma que eles enfrentam uma organização terrorista chamada Hamas.
A definição mais aceita mundialmente de terrorismo é uso indiscriminado da violência contra civis para alcançar objetivos políticos.
Israel, desde antes de sua criação, usou e usa violência extrema contra civis árabes e mesmo estrangeiros: Deir Yassin, Tantura, Qana (Líbano), Bahr El Bakar (Egito), Tunísia, Hotel King David, Conde Bernadotte Folke etc
Hamas é um movimento de resistência popular contra a limpeza étnica, ocupação, opressão, apartheid de Israel.
A lei internacional garante o direito de os oprimidos resistirem à ocupação com todos os meios possíveis, incluindo luta armada.
Com o agravante, os palestinos não tem opção, senão resistir à tentativa incessante de Israel de eliminá-los palestinos da face da Terra.
Já Israel sionista tem várias opções, inclusive a mais simples que é cumprir as resoluções da ONU – retirar-se dos territórios palestinos ocupados, aceitar a criação de um Estado Palestino verdadeiramente independente, com capital em Jerusalém oriental e o respeito ao direito de retorno dos refugiados palestinos.
Uma segunda opção para Israel seria aceitar um Estado único, laico, verdadeiramente democrático (Israel de hoje é etnocrático), onde todos os que moram entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão (Palestina histórica), podem viver com direitos iguais, sem discriminação baseada em religião ou etnia.
A terceira opção de Israel, é com esse apoio maciço dos governos ocidentais, os judeus de Israel, quase todos com mais de uma cidadania, que se recusam a conviver com os nativos árabes, poderiam voltar aos países de onde emigram. Provavelmente serão recebidos com braços abertos. Os palestinos não têm essa opção e não querem abandonar sua terra. E todos aqueles que desejam permanecer ou voltar para a Palestina para viver como humanos, com os mesmos
direitos dos demais, sempre serão bem-vindos. Os palestinos nunca foram racistas.
A quarta opção de Israel é continuar seu projeto em que se fundou e que começou a executar há mais de 75 anos, terrorismo de Estado para limpeza étnica, tentando exterminar os palestinos. Essa opção é inviável: os palestinos não vão deixar de existir.
Enquanto Israel mantém sua opção de limpeza étnica, os palestinos não aceitarão calados e passivos seu genocídio.
Hoje, todos os palestinos são RESISTÊNCIA, sob qualquer título ou partido. Queremos vida, liberdade e dignidade humana.
Hoje, todos os árabes são palestinos e todos os que amam liberdade, justiça e paz verdadeira e sonham com um mundo melhor, são árabes!
Abdel Latif Hasan é médico e palestino, nascido em Belém, na Cisjordânia. Escreve sobre a vida e a guerra na Palestina. Já escreveu para outros portais, como o Instituto da Cultura Árabe.
Esse texto expressa a opinião do autor.