No dia 13 de setembro, pelo menos 55 palestinos ficaram feridos durante a 74ª sexta-feira da Grande Marcha do Retorno, realizada semanalmente desde 30 de março de 2018, na Faixa de Gaza. Novamente, como de praxe, as Forças Armadas israelenses abriram fogo contra os manifestantes.
O povo palestino na Cisjordânia ocupada por Israel também se levantou no dia 13, manifestando-se contra os colonatos (assentamentos) ilegais construídos dentro do território palestino e contra o Muro do Apartheid, que segrega a Cisjordânia de Jerusalém Oriental, outro enclave palestino ocupado por Israel, porém que foi anexado “oficialmente” como território do sionismo.
Dezenas de palestinos ficaram feridos devido à repressão violenta das forças de ocupação, que atiraram contra os manifestantes com armas de fogo, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
A agência palestina de notícias Wafa informou que ocorreu uma manifestação na aldeia de Kafr Malik, próxima à cidade de Ramallah, dos moradores contra o avanço colonial de Israel sobre terras de palestinos e a construção de um novo posto avançado de colonos israelenses no local. Os colonatos não são construídos oficialmente por Israel, porém são instrumentos essenciais da ocupação, pois posteriormente são legalizados e anexados. A aldeia organiza protestos semanais às sextas-feiras contra as políticas coloniais de Israel desde 2011.
Já na aldeia de Ni’lin, a oeste de Ramallah, houve outro protesto, também contra o Muro do Apartheid, fortemente reprimido com gás lacrimogêneo e granadas atordoantes. Em Ni’lin, tais manifestações também são semanais desde meados de 2008, pautadas na rebelião contra a construção de um muro por Israel que separa as casas da aldeia das suas terras de cultivo.
No protesto ocorrido na semana anterior em Gaza, dois adolescentes foram assassinados: Ali al Ashqar, de 17 anos, e Khaled Abu Bakr al-Rubaie, de 14. Os dois foram alvejados por tiros de arma de fogo, o primeiro na cabeça, e o segundo, no abdômen. Pelo menos 80 manifestantes foram feridos, sendo 38 deles por balas de borracha (visto que tiros de balas de borracha também podem vir a ser letais).
O Ministério da Saúde de Gaza afirma que, desde o início da Grande Marcha do Retorno, 307 palestinos já foram assassinados pelas tropas sionistas, e mais de 18 mil foram feridos. Além de lutar pelo reconhecimento do Estado palestino e pelo fim dos deslocamentos forçados, as manifestações exigem o fim imediato do bloqueio à Faixa de Gaza, imposto há mais de 12 anos.
Brutalidade na Cisjordânia
No dia 18 de setembro, uma mulher palestina foi alvejada e assassinada por soldados da força de ocupação de Israel ao se aproximar de um posto de controle de Qalandiya, entre a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, ambos territórios palestinos ocupados. Um vídeo gravado mostra os policiais atirando à queima-roupa.
Segundo testemunhas locais, a vítima não recebeu atendimento médico imediato, e ficou horas sangrando à margem de uma estrada antes de ser levada a um hospital em Jerusalém, onde faleceu.
Assista ao vídeo: twitter.com/HOPalestine/status/1174176118376730624
No ano de 2015, Israel abrandou as regulações sobre atirar com armas de fogo, permitindo que os policiais abrissem fogo indiscriminadamente contra manifestantes que atirem pedras ou explosivos contra os muros e postos de controle.
Política de encarceramento
De acordo com o Centro Palestino de Estudos dos Presos, apenas em agosto, 450 palestinos foram presos, incluindo quatro crianças de idade entre 10 e 13 anos (Mohammed Najeeb, 10 anos; Mahmoud Hajajreh, 12; Ali Al-Taweel, 13; e Yousef Abu Nab, também 13), sendo 69 deles menores de idade.
Outros casos que ganharam repercussão foram o de um pescador que trabalhava em alto mar quando foi capturado, o de uma mulher da Jordânia, detida na passagem de Al-Karameh, e uma mulher palestina de 59 anos que foi presa enquanto fazia uma visita ao seu filho, detido na prisão de Hadarim, em Israel.
Segundo a Associação de Apoio e Direitos Humanos dos Presos (Addameer), o número de presos palestinos encarcerados em prisões israelenses em julho era de 5.150, incluindo 38 mulheres e 210 menores. A associação também denuncia que cerca de 460 destas prisões tratam-se de “detenções administrativas”, ou seja, quando o Exército de Israel detém alguém sem acusação ou provas por um período de 6 meses. Este prazo porém, pode ser renovado indefinidamente.