Bandeiras palestinas são erguidas durante uma manifestação em Umm al-Fahm, 5/03/2021. Foto: Ahmad Gharabli / AFP
No dia 26 de março, pela 11ª semana consecutiva, milhares de palestinos protestaram em frente à prefeitura da cidade de Umm al-Fahm, denunciando a polícia israelense e suas políticas discriminatórias contra a população palestina e árabe no geral. A cidade, que fica na Cisjordânia ocupada por Israel, ao norte de Jenin, tem vivido uma série de casos de homicídio desde o início do ano que não são resolvidos.
Em 2020, foi registrado um recorde de 97 casos de homicídio, ao passo que neste ano já são 21. A maioria deles não é solucionado, mesmo quando o responsável pelo crime é identificado.
Imagens divulgadas na internet mostram as ruas de Umm al-Fahm tomadas pelos manifestantes, que marcharam com dezenas de bandeiras da Palestina e pararam para protestar em frente à delegacia de polícia israelense, entoando palavras de ordem de rechaço à polícia. Também foram registradas manifestações na cidade de Qalansawe, onde manifestantes bloquearam a principal via de trânsito.
Os palestinos afirmam que a falta de ação da polícia é intencional, deixando a população completamente à margem, e que a polícia israelense tem atuado em promoção do crime organizado e sistematizado dentro da comunidade palestina que vive sob o regime de ocupação e discriminação de Israel.
Nidaa Kiwan, uma manifestante de Umm al-Fahem, declarou ao monopólio de imprensa Al Jazeera que, “Em muitos casos, em que o assassino é conhecido, ele é declarado inocente pela polícia israelense, que na ausência de justiça nada mais é do que uma ilusão de autoridade”, e que esse modus operandi tem como propósito “dividir nossa unidade, dilacerar nosso social tecido e confundindo nossa bússola política”.
A instalação de delegacias de polícia israelenses nas comunidades palestinas começou a ocorrer em 2000, após o grande levantamento popular conhecido como a segunda Intifada. Segundo o intelectual palestino Majd Kayyal, essa iniciativa tem como objetivo reunir informações sobre essa população e investigar como apaziguá-la, “encorajando as pessoas a se inscreverem no serviço civil israelense e adicionando mais forças policiais públicas às cidades e vilas palestinas”.
Palestinos marcham contra o conluio entre a polícia israelense e o crime organizado em Umm al-Fahm, 12/03/2021. Foto: Ahmad Gharabli / AFP