Depois de uma manhã e início de tarde de tensão ao redor da área Gedeon José Duque, em Machadinho D’Oeste, Rondônia, no dia 9 de abril, pistoleiros fortemente armados do grupo “Invasão Zero”, acompanhados de latifundiários e policiais militares (PMs) invadiram o acampamento camponês em um claro propósito de atacar os camponeses em luta.
Os camponeses dizem que a Polícia Militar está invadindo a área junto dos latifundiários, pistoleiros e paramilitares, e “não só na retaguarda”. O bando entrou com uma máquina para “toda a tropa vir atrás”, segundo um camponês que conversou com o AND em condição de anonimato.
“Aqui perto de casa tem um barraco pegando fogo”, denunciou uma camponesa. “Eles estão dando tiro por aqui e a máquina está bem perto daqui também”, continua ela.
Alguns camponeses que recuaram após o ataque para não serem alvejados filmaram as caminhonetes rodeando a área em busca de pessoas. Os vídeos podem ser assistidos abaixo.
Ainda durante a ofensiva, policiais militares do Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) teriam levado o dono de um bar de Machadinho D’Oeste consigo. Os camponeses dizem que não há informações sobre o seu paradeiro ou se ele foi preso. Uma testemunha diz que viu uma viatura, um carro branco e cinco homens armados em torno do bar.
O ataque de hoje começou na manhã com voos de helicóptero por Machadinho D’Oeste. Logo depois, camponeses do acampamento Gonçalo, vizinho ao Gedeon, avisaram aos companheiros de luta da concentração de latifundiários, pistoleiros e policiais em um boteco próximo. Era a preparação da invasão.
Uma moradora do acampamento Gedeon relatou ao AND em torno de 13 horas que havia “mulheres grávidas e com bebês na mira de policiais e capangas” dos latifundiários.
Os camponeses também afirmam que, na noite do dia 08/04, “latifundiários estavam convocando uma ‘carreata’ para o dia 09/04, na linha carreteira, onde fica a sede da fazenda [do latifúndio ocupado]. Latifundiários de vários municípios viriam e o ponto de encontro seria no presídio de Machadinho, que fica na rodovia que liga Jaru a Machadinho”.
A operação de guerra movida no dia 09/04 é um desenvolvimento de um ataque realizado no dia 31 de março deste ano, dia celebrado pela extrema direita por conta do golpe militar de 1964. Na ocasião, os paramilitares dispararam contra os camponeses e atingiram um deles com três disparos de pistola.
Segundo o portal Resistência Camponesa, o líder do ataque é o chefe pistoleiro Gesulino Cesar Travagine Castro, um elemento condenado a 35 anos de prisão em 2023 por ser o mandante da Chacina de Buritis.
O mesmo portal afirma que Gesulino cooptou policiais civis e militares para acobertar os seus crimes. Alguns camponeses dizem, ainda, que o chefe pistoleiro é apoiado por um senador e por um deputado bolsonaristas e por um grande empresário.