Força paramilitar financiada pela Rússia mata 124 pessoas no Sudão

Grupo paramilitar é financiado pela Rússia e Emirados Árabes Unidos e comandadas pelo militar e político golpista Mohamed Hamdam Dagolo.
Funeral de camponeses na vila de Wad Al Noora em junho de 2024. Foto: Reprodução

Força paramilitar financiada pela Rússia mata 124 pessoas no Sudão

Grupo paramilitar é financiado pela Rússia e Emirados Árabes Unidos e comandadas pelo militar e político golpista Mohamed Hamdam Dagolo.

Ao menos 124 pessoas foram assassinadas em uma invasão das Forças de Suporte Rápido (FSR) a uma série de aldeias na cidade sudanesa de Al-Jazirah desde o dia 24 de outubro. O número de mortes é atualizado segundo informações do dia 29/10.

As FSR são um grupo paramilitar ligado ao imperialismo russo e comandado pelo militar e político golpista Mohamed Hamdam Dagolo. Dagolo foi chefe do Conselho Transitório Militar do Sudão, estabelecido depois do golpe militar de 2019.

Os paramilitares também tem estuprado pessoas e cometido outros crimes de violência sexual, além da execução em massa, segundo fontes locais do Monitor do Oriente Médio.

Antigas instabilidades no Sudão

O Sudão passa por instabilidades sociais, políticas e econômicas profundas por conta da dominação imperialista sofrida desde o século 19.

A independência conquistada pelo país em 1956 foi meramente formal. A disputa pelo país na segunda metade do século 20, inicialmente entre o social-imperialismo soviético e o imperialismo norte-americano, durante a Primeira Guerra Civil do Sudão (1955-1972) e depois entre o imperialismo russo, social-imperialismo chinês e EUA, dilacerou o Sudão. O povo é quem mais sofre as consequências.

Novos golpes e novos saqueios

O cenário caótico voltou a se aprofundar em 2019, com um golpe militar no país feito para conter grandes protestos contra alta dos preços.

O golpe foi capitaneado por Abdel Fattah al-Burhan, das Forças Armadas reacionárias sudanesas, contra o militar reacionário e presidente há mais de 30 anos, Omar al-Bashir, ligado ao imperialismo russo e social-imperialismo chinês.

Sudão: Massas não recuam em sua inquebrantável resistência – A Nova Democracia
Massas protestam na capital do Sudão, Khartoum. Foto: AFP
anovademocracia.com.br

Depois do golpe, muitos acordos draconianos foram feitos com o Fundo Monetário internacional (FMI), administrado pelo imperialismo norte-americano. Militares foram acionados para reprimir protestos, levando a episódios como o Massacre de Khartoum, que terminou com 128 mortos e cadáveres de civis lançados no Rio Nilo.

Pressionados pelo imperialismo para acalmar a instabilidade social no país, os militares impuseram em 2019 um “Conselho de Soberania”, onde supostamente dividiam o poder com falsos representantes dos manifestantes.

As instabilidades continuaram, impulsionadas pelo imperialismo. Os ianques e os russos parecem disputar al-Burhan, enquanto a Rússia influencia bastante as FSR. Acordos draconianos de exploração do ouro foram feitas com a Rússia. Ao menos 16 voos de contrabando de ouro foram feitos da Rússia para o Sudão entre 2021 e 2022 via a cidade síria de Latakia, onde o regime de Putin administra um aeroporto.

Até mesmo o grupo paramilitar russo Wagner, do falecido Yevgeny Prigozhin, passou a atuar no Sudão e espoliar as minas de ouro do país em troca de armamentos e treinamento aos paramilitares. As armas do grupo Wagner entram no Sudão por aeroportos na Líbia, territórios no noroeste sudanês e pela base aérea russa em Latakia.

8 milhões de deslocados

Atualmente, as Forças Armadas reacionárias do Sudão, armadas pelo Egito, e a RSF, equipadas pelos Emirados Árabes Unidos e apoiadas pela Rússia, travam uma guerra sangrenta que dividiu o país e cobra caro das massas populares.

As Forças Armadas dominam a maior parte do país, enquanto a RSF tem uma espécie de corredor entre o sudoeste do país até o centro sudanês.

Sudão, divisão do território
Situação da guerra no Sudão; em verde, território da RSF; em vermelho, das Forças Armadas. Foto: Reprodução

Um estudo da autointitulada Organização das Nações Unidas (ONU) conferiu que as RSF já abusaram de pessoas na faixa de 8 a 75 anos de idade.

Cerca de 8 milhões de pessoas foram deslocadas dentro do país e três milhões abandonaram o território nacional.

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