Reproduzimos uma matéria do portal Palestine Chronicle
O líder sênior do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse na terça-feira que o movimento está aberto a discutir “qualquer acordo” que garanta um cessar-fogo permanente em Gaza e a retirada completa das forças de ocupação israelenses da Faixa.
Em um discurso televisionado, Abu Zuhri afirmou que o Hamas atendeu às solicitações dos mediadores para discutir novas propostas de cessar-fogo.
O funcionário do Hamas afirmou que a delegação do movimento confirmou, durante essas reuniões, sua abertura a todas as propostas que garantissem várias condições, incluindo o fim da agressão, a retirada das forças de ocupação, o levantamento do cerco, a entrada irrestrita de ajuda em Gaza e a conclusão de um acordo de troca tangível.
Responsabilidade histórica e moral
Abu Zuhri também se dirigiu à “nação árabe e islâmica”, conclamando-a a interromper suas declarações sobre a agressão israelense ao enclave sitiado, que Tel Aviv desconsidera totalmente, e a tomar a decisão de romper o cerco a Gaza e levar ajuda humanitária à Faixa, especialmente ao norte.
“A incapacidade dos países árabes e da comunidade internacional de interromper a ocupação e levar ajuda ao povo de Gaza não é mais aceitável”, afirmou o líder do Hamas.
Ele também pediu aos países árabes e islâmicos que “assumam sua responsabilidade histórica e moral e superem os ditames da administração americana, que apoia a ocupação e é parceira de sua agressão”.
Além disso, Abu Zuhri pediu a outros países árabes e islâmicos que socorram as centenas de milhares de palestinos feridos e famintos atualmente sitiados no norte de Gaza e que “pressionem efetivamente os apoiadores da ocupação para que parem com suas agressões e crimes”.
Em seu discurso televisionado, o representante do Hamas também pediu aos países que normalizaram suas relações com a ocupação que cortem imediatamente suas relações com Israel.
“Não é razoável que vários países estrangeiros tenham tomado a iniciativa de fazer isso, enquanto vários países árabes insistem em manter e normalizar suas relações com o inimigo”, enfatizou Abu Zuhri.
‘Violações flagrantes’
Com relação à última medida tomada por Tel Aviv para banir a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) em Israel e nos territórios palestinos ocupados, Abu Zuhri classificou a medida como uma “continuação da guerra sionista contra nosso povo, sua terra, seus direitos e sua causa nacional”.
Ele afirmou que a última medida israelense contra a UNRWA é uma “violação flagrante das leis internacionais que exige a expulsão da entidade sionista das Nações Unidas e a imposição de sanções a ela”.
Abu Zuhri também condenou as recentes declarações do Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, que pediu a expansão dos assentamentos judeus ilegais e a expulsão dos palestinos.
“A reiteração das declarações provocativas do criminoso de guerra Bezalel Smotrich é uma extensão da política fascista e agressiva do governo de ocupação contra nosso povo e nossa terra, e revela a extensão do perigo dessa política racista para a segurança e a estabilidade da região”, afirmou Abu Zuhri.
Ele conclamou todos os países a denunciarem e rejeitarem tais declarações e a envidarem todos os esforços para pôr fim aos crimes de Israel contra o povo palestino e suas terras.
O líder do Hamas encerrou seu discurso na televisão renovando a convocação para manifestações em todo o mundo e conclamou os manifestantes a cercarem as embaixadas israelenses e as dos países que as apoiam em seu genocídio em Gaza.
“O povo palestino permanecerá comprometido com sua terra e seus lugares sagrados, independentemente do tamanho dos sacrifícios”, concluiu.
O genocídio em Gaza continua
Desrespeitando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exige um cessar-fogo imediato, Israel tem enfrentado a condenação internacional em meio à sua contínua e brutal ofensiva em Gaza.
Atualmente em julgamento perante a Corte Internacional de Justiça por genocídio contra palestinos, Israel vem travando uma guerra devastadora em Gaza desde 7 de outubro.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 43.020 palestinos foram mortos e 101.110 ficaram feridos no genocídio contínuo de Israel em Gaza, que começou em 7 de outubro de 2023.
Além disso, pelo menos 11.000 pessoas estão desaparecidas, supostamente mortas sob os escombros de suas casas em toda a Faixa.
Israel afirma que 1.200 soldados e civis foram mortos durante a operação Dilúvio de Al-Aqsa em 7 de outubro. A imprensa israelense publicou relatórios que sugerem que muitos israelenses foram mortos naquele dia por “fogo amigo”.
Organizações palestinas e internacionais afirmam que a maioria dos mortos e feridos são mulheres e crianças.
A guerra israelense provocou uma fome aguda, principalmente no norte de Gaza, resultando na morte de muitos palestinos, em sua maioria crianças.
A agressão israelense também resultou no deslocamento forçado de quase dois milhões de pessoas de toda a Faixa de Gaza, sendo que a grande maioria dos deslocados foi forçada a ir para a cidade de Rafah, ao sul, densamente povoada, perto da fronteira com o Egito, no que se tornou o maior êxodo em massa da Palestina desde a Nakba de 1948.
Mais tarde, durante a guerra, centenas de milhares de palestinos começaram a se deslocar do sul para o centro de Gaza em uma busca constante por segurança.