Instalação petrolífera da Saudi Aramco em Jiddah, Arábia Saudita. Foto: Amr Nabil
No dia 22 de março, os patriotas iemenitas conhecidos como Houthis recusaram o cessar-fogo feito pela Arábia Saudita. Ele não incluía algumas reivindicações primordiais para os iemenitas, como o fim do bloqueio naval e aéreo saudita, a reabertura do aeroporto internacional de Sanaa, um elo vital do Iêmen para o mundo exterior que não tem voos comerciais regulares desde 2015, e do porto de Hodeidah.
O pedido de um cessar-fogo foi interpretado como fruto das ações recentes dos houthis contra instalações petrolíferas e militares sauditas, bem como o avanço do movimento pelo controle da última cidade que ainda permanece nas mãos do governo ligado aos sauditas, Marib. A queda de Marib representaria o fracasso dos sauditas em derrotar os houthis e, por conta do apoio que estes recebem do Irã, um fortalecimento do país persa na região.
Houthis atacam Saudi Aramco
No dia 26/03, o porta-voz dos houthis anunciou que uma série de ataques de drones e mísseis balísticos havia atingido instalações de petróleo da empresa da monarquia saudita Saudi Aramco em Ras Tanura, Rabigh, Yanbu e Jizan, bem como bases militares em Damman, Najran e Asir, na Arábia Saudita, em razão do sexto aniversário da intervenção militar do reino no Iêmen.
Desde março de 2015, com o apoio do imperialismo ianque (Estados Unidos, USA) e da Inglaterra, a Arábia Saudita encabeça uma coalizão militar que perpetua agressões e bombardeios diários contra o Iêmen, uma ofensiva iniciada pelo monarca Mohammed bin Salman. Seis anos depois, o resultado disso são mais de 130 mil mortos, dezenas de milhares deles em decorrência da fome e má nutrição causadas pela dificuldade de entrada de alimentos e insumos, por conta do bloqueio imposto pela coalizão.
A importância dos ataques houthis a instalações petrolíferas se dá pelo fato do reino saudita ser o maior produtor e exportador mundial de petróleo, que representa mais de 80% das exportações do país e cerca de 40% do seu Produto Interno Bruto (PIB). A Saudi Aramco, por sua vez, é a maior companhia do ramo no mundo, em termos de produção e de reservas de óleo cru.
Dentre os diretores da empresa sem origem saudita, estão o nobre inglês Mark Moody-Stuart (ex-presidente da Anglo American, do banco HSBC e da Fundação para o Pacto Global das Nações Unidas), os ianques Lynn Elsenhans (ex-presidente e diretora executiva da petrolífera Sunoco), Mark Weinberger (ex-presidente e diretor executivo da multinacional Ernst & Young) e Peter Cella (ex-presidente e diretor executivo da Chevron Philips Chemical), e o australiano Andrew N. Liveris (ex-presidente e diretor da Dow Chemical).