O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito para presidente da Câmara dos Deputados, sucedendo Arthur Lira (PP-AL) no posto. Apesar da troca, algo se mantém: o chefe da Casa ainda é um coronel, com vínculos profundos ao latifúndio do Nordeste.
Hugo Motta é membro de um clã tradicional da Paraíba. Isso é admitido pelos próprios oligarcas, como Vital do Rêgo Filho, que chamou a família Motta de “uma dinastia muito bem preservada”, em entrevista ao jornal monopolista Valor Econômico.
O atual presidente da Câmara faz parte de duas oligarquias da Paraíba, principalmente do município de Patos: os Wanderley e os Nobrega. Os primeiros têm uma ligação umbilical com a cidade, desde sua fundação. Um de seus nomes mais destacados é o de Francisco Pereira Monteiro Wanderley que, além de ter sido um senhor de terras do século XIX, foi destacado como Tenente-Coronel pelo portal da prefeitura de Patos.
Muitos outros latifundiários fazem parte da linhagem, um deles, Nabor Wanderley da Nóbrega, avô de Hugo Motta, foi prefeito da cidade durante os anos 1950. Atualmente, quem comanda a prefeitura da cidade é Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, condenado em primeira instância por improbidade administrativa e tendo seus direitos políticos cassados pela justiça em 2013, sendo também acusado em delação premiada no ano de 2010 por recebimento de propina.
Latifúndio e Política
Uma pesquisa de 2015 realizada pela Universidade de Brasília (UnB) foi colocado que 50% dos deputados federais, naquele momento, pertenciam a oligarquias estaduais. Na Paraíba, estado de fortes reminiscências feudais, onde latifúndio, família e política andam em sinergia, o índice era ainda mais alto, beirando os 60%.
Ademais da clara ligação de Hugo Motta com o latifúndio, o mesmo foi eleito com um claro acordo de coronéis, e seguirá o plano já orquestrado por Lira, como posto na matéria “Eleição na Câmara será marcada por acordo de coronéis” pela Redação de AND.
