O assentamento Curralinho dos Angicos, localizado no município de Floresta, Sertão de Pernambuco, enfrenta sérios problemas relacionados ao abastecimento de água, mesmo estando próximo ao canal da transposição do São Francisco. Com cerca de 50 casas, o assentamento depende de poços para o abastecimento, mas a vazão deles é insuficiente, e muitas vezes os moradores precisam recorrer a caminhões-pipa para garantir o abastecimento de água ou chegam até mesmo a carregar latas de água do canal na cabeça.
As dificuldades são agravadas pelas estiagens e secas recorrentes na região, características do clima local que afetam o ainda mais a disponibilidade de água, o que traz prejuízos ainda maiores para o abastecimento humano e para a prática da agricultura, principal atividade econômica da comunidade. A terra é fértil, porém não há água para plantar.
O assentamento está próximo ao eixo leste do canal da transposição do Rio São Francisco, obra que se dizia que resolveria a questão da garantia de água para a população da região. Entretanto, contraditoriamente, o assentamento não é abastecido por estas águas. A questão é que o Ministério da Integração pressiona os estados para implantar a cobrança pela água dos usuários da transposição, e, enquanto não se resolve isto, nenhuma gota de água é liberada para o assentamento.
Não resta dúvida que o Estado tem o objetivo de arruinar a vida e a economia camponesa para expulsar a população local, isto para que o latifúndio se aposse das terras férteis do assentamento, após o que, certamente, a água será liberada para a produção do dito agronegócio. Também não resta outra alternativa para a comunidade de Curralinho dos Angicos que não seja protestar contra esta situação e lutar pelos seus direitos, afinal, o abastecimento humano é um uso prioritário previsto na própria lei.