No dia 5 de fevereiro, na Região Metropolitana de Recife (RMR), a chuva intensa resultou em diversas fatalidades para a população. Foram registrados deslizamentos de barragem no Córrego da Bica, no bairro de Passarinhos, no Recife, com duas vítimas fatais, sendo Maria Conceição Braz de Melo, de 51 anos, e sua filha Nicole Melo Braz de Souza, de apenas 23 anos.
Em entrevista à TV Guararapes, emissora local do monopólio de imprensa Record, moradores da área denunciaram o descaso do Estado em prevenir a situação. “Quantas vidas vão ser perdidas para o prefeito vir aqui resolver? A gente não quer R$300 não, a gente quer nossa moradia. Esse dinheiro não paga um aluguel. Era uma tragédia anunciada”, afirmou Luana, moradora da comunidade.
Outro deslizamento foi registrado por moradores no Córrego do Euclides, no bairro do Alto José Bonifácio, e também na cidade de Jaboatão dos Guararapes, na comunidade de Santo Antônio, no bairro de Vila Rica, ambos sem vítimas. Entretanto, André Fernandes, morador do bairro da Várzea, foi encontrado já sem vida, sendo levado pela correnteza, após a inundação de um rio no bairro da Vila da Fábrica, em Camaragibe. Ruan Pablo da Silva Melo, de 21 anos, ficou durante várias horas com o corpo à deriva na inundação que aconteceu na Rua Dom Bosco, após morrer por uma descarga elétrica causada pela qualidade precária da fiação elétrica no local, enquanto se deslocava para o trabalho, próximo a Av. Agamenon Magalhães. Valdomiro Simões, jovem de 18 anos, também morreu eletrocutado ao tentar retornar para casa de bicicleta por um beco alagado, no bairro de Jardim São Paulo. Outra vítima, Myriam Vitória Amorim, de 24 anos, morreu por choque elétrico ocasionado pelas inundações em Paulista.
Os pesares para a população revelam, especialmente em momentos como esse, que a estratégia utilizada pelo governo do estado em sucatear os serviços público para justificar a venda das operações para iniciativa privada, como é o caso da Companhia de Eletricidade de Pernambuco (CELPE), privatizada nos anos 2000 e entregue a atual Neoenergia-PE, vem atrelada não somente a perda de direitos básicos para o povo, mas também a uma onda de fatalidades criminosas, geradas unicamente pelo desinteresse político das classes dominantes em prevenir qualquer uma das “tragédias anunciadas”, como clamam as massas populares, que são os únicos afetados pelos ocorridos.
Em toda região metropolitana, a calamidade trazida pelas inundações nas casas, hospitais, ruas e avenidas, desabamentos de encostas, destruição dos estabelecimentos de pequenos proprietários, pistas e pontes destruídas, é algo que de ano a ano repete os diversos crimes cometidos contra o povo pelos governos de turno, como denunciou o AND, em 2022, quando mais de 120 mil pessoas ficaram desabrigadas e 129 morreram, em junho daquele ano, devido as fortes chuvas no estado.
De acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura do Recife, nos 4 anos de gestão do governo de João Campos (PSB), que segue no atual mandato até 2028, foram gastos mais de R$ 600 milhões em propaganda, shows e eventos na cidade, em comparação com apenas R$ 236 milhões alocados para serviços de drenagem e prevenção das chuvas. Durante este mesmo período, a fortuna do atual prefeito cresceu mais de 11 vezes, enquanto a população sofreu com o despejo, falta de direitos e destruição de suas residências.