No dia 4 de abril, cerca de 400 camponeses da Zona da Mata Sul de Pernambuco realizaram um protesto exigindo a suspensão do leilão de terras de antigas usinas desativadas – agora local onde vivem milhares de trabalhadores – e justiça pela morte de Jonatas Oliveira, criança de 9 anos assassinada por pistoleiros a mando do latifúndio em fevereiro deste ano. O ato teve início em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e seguiu em marcha até o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo em Recife.
Carregando cartazes com a consignas: “Mataram o menino Jonatas, agora querem matar toda a comunidade realizando leilão em nossas terras” e “Terra para quem nela trabalha e vive!”, os manifestantes exigiam justiça pelo assassinato da criança e denunciavam a realização de leilão promovido pelo velho Estado de terras ocupadas pelos camponeses.
Os camponeses relatam que após o cruel assassinato do pequeno Jonatas filho de Geovane da Silva Santos, um líder camponês em Roncadorzinho, aumentaram os conflitos em outras comunidades da região que cerca de 1,5 mil famílias estão sofrendo novas ameaças de despejo.
Os trabalhadores denunciam que há em curso uma onda de leilões judiciais dos imóveis de antigas e desativadas usinas, como a Usina Santo André e a Usina Frei Caneca. Ambas acumulam dívidas milionárias tanto com o velho Estado, quanto com os trabalhadores.
“A violência não para porque os leilões estão surgindo, aparece gente por lá ameaçando que as famílias serão despejadas e que já compraram a terra. A única fonte de renda que essas pessoas têm é essa terra. É a única fonte de vida. São pessoas que moram lá há 30, 40, 50 anos, gente que nasceu e viveu lá. Eles não têm condições financeiras e nem conseguem viver na cidade, principalmente os idosos, porque se estabilizaram no campo”, afirmou Giovane José Leão, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em entrevista ao portal Leia Já.
Segundo a CPT esses leilões judiciais são questionados por conterem indícios de fraude e por alimentar um esquema de repasse de terra no local para as mãos do latifúndio, uma vez que essas podem ser adquiridas a preços vis pelo “proprietário” latifundiário, livrando assim os imóveis das dívidas fiscais e trabalhistas a que estão vinculados.
O caso expõe uma nova face da política latifundiária do velho Estado burocrático-latifundiário para manter as terras nas mãos de poucos e o avanço da violência reacionária contra as massas camponesas.
As famílias, porém, não se deixam intimidar e demonstram que mesmo diante de brutais e covardes ataques, seguem organizadas exigindo o justo direito à terra.
Em protesto camponeses reivindicam terra. Foto: Vitória Silva