PE: Camponeses do Sistema Itaparica realizam protesto contra novos cortes de energia e falta de água

O edital de licitações da Codevasf demonstra que só em 2024 a empresa contratou cerca de 530 milhões de reais em serviços, valor mais do que suficiente para quitar a dívida em energia
Foto: Reprodução

PE: Camponeses do Sistema Itaparica realizam protesto contra novos cortes de energia e falta de água

O edital de licitações da Codevasf demonstra que só em 2024 a empresa contratou cerca de 530 milhões de reais em serviços, valor mais do que suficiente para quitar a dívida em energia

Camponeses do Sistema Itaparica protestaram contra cortes de energia e água no dia 19/12 em Petrolina, no Sertão Pernambucano, que também conta com territórios indígenas e quilombolas. Há anos que os camponeses do sistema, que fica entre Pernambuco e Bahia, realizam protestos contra o corte de energia e água na região, que acontecem devido ao alegado “atraso” de pagamentos da Codevasf à Neoenergia, empresa privada que possui a concessão de energia em Pernambuco.

No protesto da última quinta, os camponeses bloquearam a ponte Presidente Dutra, que liga os estados de Pernambuco e Bahia. Em caminhada, seguiram até a sede da Codevasf em Petrolina e ocuparam o prédio em protesto. Os camponeses levantaram faixas escritas “A água é o sangue do agricultor, sem ela ele não pode viver”, e denunciam que há anos as famílias que vivem na região convivem com as ameaças de corte de energia e são prejudicadas pela falta de abastecimento de água adequada, mesmo em uma região que possui vastos recursos hídricos, abastecidos pelo Rio São Francisco. A empresa privada que faz a distribuição de energia afirma que a dívida em 2024 é de 38 milhões de reais.

Camponeses em protesto contra o corte de energia. Foto: Reprodução

Falta de energia e água é planejada

O edital de licitações da Codevasf demonstra que só em 2024 a empresa contratou cerca de 530 milhões de reais em serviços, valor mais do que suficiente para quitar a dívida em energia. A realidade é que a dívida é motivada pela intencionalidade de dificultar a vida e o trabalho dos camponeses que vivem na região. Desde 2019 a Codevasf é presidida por Marcelo Andrade Moreira Pinto. Indicado por Bolsonaro e mantido por Luís Inácio, Marcelo é um aliado do Centrão e tem laços com latifundiários, como Arthur Lira, conforme já havia denunciado reportagem do AND em setembro.

O Sistema Itaparica conta com cerca de 25 mil famílias reassentadas na época da construção da barragem Luiz Gonzaga, em Petrolândia, na década de 1990. Atualmente, os camponeses da região, maioria com poucas terras, produzem cerca de 350 toneladas anuais de hortaliças, frutas, verduras e raízes.

A falta de água e energia para o Projeto Itaparica é uma clara tentativa de inviabilizar a produção camponesa na região e favorecer o latifúndio. O sertão de Pernambuco e da Bahia banhado pelas águas do Rio São Francisco, é território constantemente invadido pelo latifúndio exportador, que se beneficia das grandes obras e da insegurança jurídica a que os camponeses estão submetidos, diante da evidente paralisação da regularização fundiária em todo o País. Onde os camponeses pobres não conseguem as condições mínimas de sobrevivência, como água e energia, são forçados a seguir o caminho da estrada para a cidade ou para a luta. 

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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