Nos dias 19 e 20 de março, camponeses da comunidade Barro Branco em Jaqueira, município localizado no litoral do Pernambuco, impediram a empresa Agropecuária Mata Sul S/A de instalar cercas elétricas no entorno de uma fonte de água que abastece a comunidade.
Camponeses se reuniram e em mutirão taparam os buracos onde seriam colocadas, pela empresa Agropecuária Mata Sul S/A, cercas elétricas que extinguiriam o acesso a principal fonte de água dos camponeses de Barro Branco. A tentativa de ação criminosa do latifúndio ocorreu em meio à pandemia do coronavírus, onde a utilização da água é essencial para prevenir a contaminação em massa.
Essa não foi a primeira tentativa de cercamento dos campos e impedimento de acesso a água que os camponeses avidamente combateram. Em janeiro impediram o cercamento dos campos e em março reconstruíram uma tubulação de água danificada por uma retroescavadeira da Agropecuária Mata Sul S/A. A tubulação dava acesso à água a mais de 100 pessoas da região.
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A invasão do latifúndio
A região tem histórico de conflito por terras desde a instalação da Usina Frei Caneca, hoje desativada que possui dívidas com o governo estadual e federal, chegando ao montante de cerca de R$ 500 milhões, além mais de 124 execuções por não quitação de dívidas trabalhistas, o que a coloca entre os 100 maiores devedores da Justiça do Trabalho.
Os conflitos se intensificam desde a chegada de empresas que são arrendatárias da antiga Usina. Os camponeses protestaram e realizaram diversas denúncias contra as empresas Agropecuária Mata Sul S/A e Negócios Imobiliários S/A que desde 2017 intimidam, ameaçam, queimam plantações e invadem terras dos camponeses.
Conforme publicado pelo AND, em janeiro paramilitares armados a mando da empresa Negócios Imobiliários S/A, invadiram casas ameaçando os moradores e a polícia se negou a registrar denúncias.
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Buscando novamente o auxílio do velho Estado, as empresas entraram ainda com cerca de trinta ações possessórias, coletivas e individuais, contra famílias camponesas da região.
Cercas elétricas caídas (Foto ilustrativa). Foto: Banco de dados AND