Dez camponeses de Engenho Fervedouro, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, são ameaçados de morte pelo latifúndio. A lista que está sendo divulgada entre os camponeses há alguns meses, de acordo com a denúncia, foi criada pelo latifúndio Agropecuária Mata Sul S/A.
José Severino Elias da Silva, Ernani Vicente Barbosa da Silva e José Adriano de Andrade, camponeses ameaçados de morte pelo latifúndio. Foto: Reprodução/Portal Leia Já
As sucessivas ameaças e ataques promovidos pelos latifundiários da Agropecuária Mata Sul, arrendatária das terras da já desativada Usina Frei Caneca (possui uma gigantesca dívida com o estado do Pernambuco), compõem de maneira cada vez mais frequente o longo histórico de resistência e luta pela terra travada pelos camponeses da região.
Em abril deste ano, cerca de 15 camponeses registraram Boletim de Ocorrência na delegacia de Jaqueira, no qual denunciaram terem sido vítimas de tentativa de atropelamento praticada pelo latifundiário Guilherme Cavalcanti de Petribú de Albuquerque Maranhão, representante legal da empresa e membro de uma tradicional família de latifundiários ligados ao setor sucroalcooleiro em Pernambuco, é também irmão do prefeito do município de Ribeirão, Marcello Maranhão (PSB).
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O histórico de perseguição não para por aí.
No dia 7 de maio, um camponês registrou Boletim de Ocorrência denunciando uma ameaça de morte e durante o mesmo dia, famílias relataram que foram surpreendidas com um helicóptero espalhando agrotóxico sobre as lavouras, fontes de água e trabalhadores da região, que apresentaram sintomas de intoxicação.
Em 13 de maio, policiais militares invadiram a comunidade de Engenho em uma violenta tentativa de despejo onde idosos e crianças foram agredidos com spray de pimenta e balas de borracha. No dia 16 de julho, o trabalhador Edeilson Alexandre Fernandes da Silva sofreu uma tentativa de assassinato quando foi alvejado por sete tiros ao sair de sua casa na comunidade em direção à sede do município de Jaqueira.
Recentemente, o camponês José Severino Elias da Silva, conhecido como Branco, de 45 anos, foi injustamente preso. Em entrevista ao portal Leia Já, José Severino afirmou: “Na delegacia, perguntei o porquê de estar sendo preso. Me disseram que eu vendia drogas e negociava armas no meu bar. Nunca tive bar, droga ou arma. Um pai de família preso na frente da esposa e dos netos, algemado, uma vergonha para mim”.
Disse ainda: “Além de ir preso injustamente agora estou na lista do ‘homem’ para morrer, só Deus por a gente. Pretendo lutar, quem deve ir embora do engenho é ele, não nós, que somos nascidos e criados aqui. Sou um matuto com o nome sujo. Vou para onde?”.
Entre os camponeses cujos nomes figuram a lista, estão os já citados acima, além de José Adriano de Andrade, presidente da Associação de Moradores de Fervedouro, e Ernani Vicente Barbosa da Silva, morador da região. Cerca de 1,2 mil camponeses vivem atualmente na região, distribuídos em cinco áreas chamadas Engenhos Fervedouro, Barro Branco, Várzea Velha, Laranjeira e Caixa D’Água.
Assista a entrevista realizada pelo portal Leia Já: