Os familiares dos alunos das escolas municipais e estaduais no Cabo de Santo Agostinho (PE) denunciam, desde o início do ano letivo, que a falta de professores tem paralisado as atividades escolares. As crianças têm sido mandadas mais cedo para casa e, por vezes, são cancelados os dias letivos pela impossibilidade de receber as disciplinas. Após pressão dos concursados não convocados e do Sindicato dos Professores do Município do Cabo (SINPC), a secretária de Educação anunciou que convocaria 265 novos professores. Contudo, a população afirma que o número é insuficiente, e as escolas continuam sem aulas.
Mães de estudantes da Escola José Clarindo Gomes relatam que mais de 800 crianças da unidade estão sem aulas desde janeiro. A justificativa oficial varia: ora é a reforma do segundo andar, que segue sem previsão de conclusão desde o início do ano, ora é a falta de professores, uma situação que se repete em diversas escolas municipais da região. Na Escola Douglas Meneses, os alunos têm sido dispensados mais cedo devido à mesma falta de docentes.
“Acabei de sair da escola e sem sucesso. Sem professor desde o início do ano, a previsão é só daqui a duas semanas, e nem é certo. Essa é a realidade do cidadão cabense. Não tem previsão para quando vai ter professor. Ai, como eu tenho de fazer como pai de família, vou ter que dar fim à minha moto, vendê-la e colocar minha menina num colégio particular, porque eu não posso deixá-la sem estudar. Ela vai fazer 10 anos. Ainda bem que eu tenho esse cano de escape ainda. E quem não tem?” Afirma um pai morador do bairro de Garapu.
O prefeito de Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral/SD, tentando se isentar da responsabilidade pela falta de professores, atribui a culpa ao antigo prefeito, Keko do Armazém. O ex-prefeito deixou uma dívida de R$ 54,3 milhões na educação e não comprou materiais de limpeza e higiene para as creches. Além disso, 600 professores foram deixados sem contrato. No entanto, as escolas continuam enfrentando problemas estruturais, como vazamentos de corrente elétrica, infiltrações, banheiros e salas interditadas por falta de segurança, e transporte escolar sem manutenção ou equipamentos básicos de segurança. A população afirma que o governo de Lula Cabral nada mais é do que uma continuação do governo de Keko do Armazém, aprofundando ataques contra o povo, como os despejos, e deixando os rombos na educação sem solução.
Na rede monopolista Instagram, os pais e mães divulgaram suas denúncias e demonstraram grande preocupação com o descaso da administração pública em apresentar soluções para o problema, e ainda esperam, sem previsão, pelo retorno dos estudantes às escolas. A situação se dá em meio à crescente precarização das escolas estaduais e municipais na região metropolitana de Recife, como evidenciado no dia 11/2 em Igarassu – PE, quando os estudantes da Escola Técnica Estadual Jurandir Bezerra Lins, se levantaram em luta pela climatização das salas de aula, fato que se estende também para o interior do estado e outras regiões do Brasil. No dia 13/03, estudantes, trabalhadores da educação e pais se mobilizaram diante dos ataques contra o ensino público, em uma vitoriosa manifestação na cidade de Petrolina. A falta de atendimento com profissionais multidisciplinares nas escolas é uma reivindicação justa que também toma as ruas das cidades, como foi o caso das mães de crianças e adolescentes autistas que fizeram um contundente protesto contra o desmantelamento do acompanhamento médico no Recife, durante o galo da madrugada.
