No dia 6 de abril, estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizaram uma manifestação nas ruas de Recife e ocuparam o prédio da reitoria por 2h em exigência da reabertura imediata do Restaurante Universitário. A manifestação, organizada pelo coletivo Mangue Vermelho, fechou importantes vias da cidade, como a Avenida dos Reitores e a BR-101, e foi aplaudida pelas massas da Região Metropolitana da cidade.
Durante o protesto, os estudantes carregaram uma faixa de dez metros com a consigna Reabertura Imediata do RU para todos. Segundo a organização Mangue Vermelho (MV), os estudantes ainda entregaram um abaixo-assinado para a reitoria da universidade, que se surpreendeu com a mobilização dos ativistas. De acordo com a nota escrita pela organização: “Ao ocuparmos [o MV] o prédio da Reitoria por duas horas em plena véspera de feriado, os subordinados de Alfredo, incluindo sua segurança privada, estremeceram com a audácia dos companheiros e companheiras do Mangue Vermelho que se colocaram a disposição de levar a batalha pelo RU até as últimas consequências. Lá, fizemos nossa intervenção e demarcamos nosso campo ao deixar claro que não dependemos de entidade para fazer luta de verdade, e mais ainda, enfatizando que existe estudante comprometido com o histórico das Greves de Ocupação organizados pela nossa corrente”.
Reproduzimos, abaixo, a nota do MV na íntegra:
Conquistar o RU com luta combativa!
Após passar todo seu mandato prometendo à comunidade estudantil o que é seu por direito, o Reitor Alfredo Gomes, novamente, prova que suas palavras são tão válidas quanto sua maturidade na gestão administrativa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Nesta segunda-feira, 03 de abril, na data marcada para reabertura do RU — prometida insistentemente pela burocracia universitária em conluio com o oportunismo no movimento estudantil na figura da UNE — o campus amanhece com o local do jeito que sempre esteve nos últimos quatro anos: fechado e ocupado pelo grupelho da segurança privada da UFPE. Alfredo Gomes se aproveita de sua continuidade na Reitoria para fazer o que bem entender, caso haja o risco dos estudantes se revoltarem, manda os passadores de pano oficiais, o DCE, para arrumar mil e uma justificativas, dizer que está tudo bem e que já foi marcada uma reunião para “dialogar” — o que aconteceu no dia 04 de abril, em reunião com os DA’s, em que uma nova data foi colocada para a reabertura do RU (08 de maio), agora, em pleno recesso acadêmico.
Colocando em prática a concepção democrática-revolucionária do movimento estudantil de transformar as universidades numa trincheira da luta de classes, mobilizamos todas as nossas forças para combater o escárnio geral provocado pela burocracia universitária — que em seus gélidos escritórios, com direito a bebedouros, café expresso e comida de boa qualidade, se encontram confortáveis o suficiente para usar das necessidades estudantis como palanque eleitoral da chapa única concorrente a consulta universitária para Reitoria.
Com dois dias intensos e ininterruptos, o coletivo Mangue Vermelho realizou passagens em salas em todas as áreas do campus Recife, englobando o total de 4 centros universitários, distribuindo 900 panfletos e coletando em torno de 1000 assinaturas num abaixo assinado exigindo a reabertura imediata do Restaurante Universitário, também convocando todos a participarem do ato na frente do RU na quarta-feira (05) às 12h e marchar até as entranhas da Reitoria. A recepção dos estudantes e dos professores não podia ser outra senão a mais calorosa possível!
O DCE da UFPE, encabeçado pela UNE/UJS, tentou reduzir a manifestação a algo meramente simbólico, com os mesmos discursos de sempre se colocando a disposição ao “diálogo” com uma Reitoria mentirosa que financiou sua feijoada, como foi denunciado por estudantes honestos que participaram da reunião dos DA’s com o Reitor no dia anterior. Contudo, a UNE não esperava contar com a rebelião estudantil batendo em suas portas. Apesar de toda tentativa de desmobilização e difamação aos nossos companheiros e companheiras em luta, o DCE lambe-botas de Alfredo saiu desmoralizado ao vislumbrar os estudantes, independentemente, marchando até a Reitoria, levantando firmemente suas bandeiras de luta e uma gigantesca faixa de 10 metros exigindo de forma imediata a reabertura do RU.
Puxando palavras de ordem denunciando a burocracia universitária e exaltando o movimento estudantil combativo, o ato, enquanto fechava as vias da Avenida dos Reitores, ganhava os aplausos dos estudantes e transeuntes, e ao cortar a BR-101, a manifestação foi saudada pelos trabalhadores num mesmo momento que a Região Metropolitana é tomada pelas lutas dos rodoviários, professores e levantes nas favelas. Ao ocuparmos o prédio da Reitoria por duas horas em plena véspera de feriado, os subordinados de Alfredo, incluindo sua segurança privada, estremeceram com a audácia dos companheiros e companheiras do Mangue Vermelho que se colocaram a disposição de levar a batalha pelo RU até as últimas consequências. Lá, fizemos nossa intervenção e demarcamos nosso campo ao deixar claro que não dependemos de entidade para fazer luta de verdade, e mais ainda, enfatizando que existe estudante comprometido com o histórico das Greves de Ocupação organizados pela nossa corrente.
A vitoriosa manifestação e entrega do abaixo assinado na Reitoria — onde Alfredo Gomes não estava presente — é um ato de compromisso do nosso coletivo com os estudantes do povo que resistem ao regime de miséria imposto pela decomposição do capitalismo burocrático em nosso país, fundado sobre as bases da condição semicolonial e da arcaica existência da grande propriedade agrária, concretizando a crise generalizada vigente. Também é um compromisso ao resgatar o caráter revolucionário do movimento estudantil e ser caixa de ressonância dos levantes nas cidades e da Revolução Agrária em curso, comprovando que o classismo, a independência e a combatividade rompe com qualquer camisa de força: nem o DCE e nem a burocracia universitária poderá deter a tormentosa revolta estudantil.